Ciência

Nasa quer comprar rochas coletadas da Lua – e vai pagar uma pechincha

Iniciativa, porém, marca o que pode ser o início da popularização de um comércio de fragmentos espaciais coletados de outros planetas e estrelas

Lua: Nasa quer mandar astronautas para o satélite natural em 2024 (Elen11/Getty Images)

Lua: Nasa quer mandar astronautas para o satélite natural em 2024 (Elen11/Getty Images)

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Rodrigo Loureiro

Publicado em 11 de setembro de 2020 às 05h55.

A Nasa iniciou um novo programa em que quer pagar empresas privadas para coletarem pequenas rochas da Lua. A agência espacial americana está disposta a comprar o material desde que as companhias possam provar, com dados ou imagens, que o material realmente tem origem lunar.

Os negócios devem ocorrer antes de 2024, que é quando a Nasa pretende enviar pessoas de volta à Lua com a ajuda de Jeff Bezos e Elon Musk. Os pagamentos serão divididos em duas parcelas. A primeira, menor, se dará no momento da assinatura do contrato ou do lançamento de um dispositivo para coletar o material. O restante será pago quando a amostra for entregue.

O valor pago pelas rochas coletadas vai variar entre 15 mil e 25 mil dólares. Parece um preço alto para uma simples pedra. Mas a cifra paga é uma mixaria se comparada aos gastos de dezenas de milhões de dólares que as empresas têm para enviar dispositivos de coleta da Terra para a Lua.

O montante, no entanto, não é o mais importante neste caso. A ideia da Nasa é popularizar o conceito de comércio espacial, em que materiais escavados da Lua e de outros corpos celestes, como estrelas e planetas do Sistema Solar, são coletados e vendidos.

A compra de rochas lunares marcaria a primeira transação de recursos espaciais ocorrida fora da Terra, conforme lembra o The Verge. Mas essa não será a primeira vez que detritos da Lua serão comercializados, ao menos na superfície do planeta Terra. Em maio, um meteorito que teria origem lunar e que caiu no deserto do Saara foi colocado a venda por mais de 2,5 milhões de dólares.

Vale destacar que está em vigor desde 2015 uma lei nos Estados Unidos que permite que empresas possam armazenar materiais obtidos no espaço. A política vai em direção contrária a um tratado internacional estabelecido em 1967 que impede qualquer governo de reivindicar soberania sobre um corpo espacial.

Entretanto, com o maior interesse na mineração de recursos espaciais nos últimos anos, o governo americano, principalmente na administração de Donald Trump, entendeu a necessidade de uma flexibilização das regras. Por isso, se alguma empresa coletar algo do espaço, ela pode reivindicar posse.

O mais recente anúncio da Nasa deixa essa posição ainda mais clara. “Estamos colocando nossas políticas em prática para alimentar uma nova era de exploração e descoberta que beneficiará toda a humanidade”, escreveu o administrador da NASA, Jim Bridenstine, em uma postagem no blog da agência espacial americana.

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