Covid-19: Os principais mitos sobre a vacinação — e suas explicações
Teorias sobre imunidade e transmissão estão em alta; entenda o que é verdade
Laura Pancini
Publicado em 14 de agosto de 2021 às 08h00.
Desde que a pandemia do coronavírus teve início em Wuhan, milhares de notícias falsas e exageros foram divulgadas sobre a doença e suas vacinas .
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No Brasil , a campanha de vacinação avança pelo país e traz um sentimento de otimismo para a população. Nesta semana, tivemos a menor média diária de casos desde novembro de 2020 e,pela primeira vez desde outubro de 2020, a ocupação de leitos de UTI no SUS está abaixo de 80% em todos os Estados.
70% da população adulta já tomou ao menos uma dose e 22% estão completamente imunizados no país.Já em São Paulo , por exemplo, mais de 90% dos paulistanos acima de 18 anos já receberam ao menos uma dose, faltando ainda a vacinação dos grupos de 21 a 18 anos, que deve acontecer a partir de amanhã, 14.
Mesmo com o avanço da campanha de vacinação, muitas teorias permanecem na boca do povo e trazem preocupação sobre o futuro (e eventual fim) da pandemia. Entenda os principais mitos e o porquê estão errados:
Não tenho sintomas, então não vou transmitir a doença para ninguém
Estar assintomático pode parecer seguro, mas não é. Um estudo publicado no periódico científico The Lancet indica que quem não tem sintomas é menos infeccioso do que alguém com, mas ainda pode ter cargas virais altas e, consequentemente, transmitir o vírus.
O problema está justamente em não ter sintomas, já que as pessoas assintomáticas têm muita mais probabilidade de sair de casa. De acordo com o jornal The Guardian , um estudo publicado no periódico médico Jama Network estima que pessoas sem qualquer sintoma são responsáveis por mais da metade das novas infecções.
Estou vacinado, portanto não vou pegar ou transmitir o vírus
Seguindo a mesma lógica das pessoas assintomáticas, quem está imune ainda pode carregar o vírus e passar para outros. Apesar de não comuns, existem casos de vacinados que apresentaram sintomas da doença posteriormente — um exemplo bastante raro é o do ator Tarcísio Meira, que faleceu esta semana mesmo após ter tomado duas doses da vacina.
Dados do estudo Imperial REACT sugerem que as vacinas têm eficácia de 50% e 60% somente na prevenção da infecção (independentemente de você apresentar sintomas ou não).
Casos raros como o de Meira não são indicativos da eficácia dos imunizantes, e sim da alta circulação do vírus na região devido ao atraso na vacinação e a movimentação das pessoas. A combinação leva a criação de novas variantes mais resistentes à vacina.
É a mesma lógica da gripe: a vacinação ajuda a prevenir a infecção e a transmissão, mas não é certo presumir que não irá nunca ficar doente ou infectar outras pessoas.
Já tive covid-19, então não preciso me vacinar
Mesmo com a doença oferecendo uma proteção razoável contra a reinfecção, nada é tão eficaz quanto a proteção dos imunizantes. Não só ela dura mais, como também protege contra novas variantes ( mesmo que de forma variada ).
É preciso considerar que as novas cepas são mais fortes e infecciosas, porque o vírus faz mutações em busca de formas de sobreviver. Portanto, as chances de reinfecção são mais altas — por isso a vacina é tão importante. A mesma lógica vai para aqueles que dizem que não precisam da vacina por terem "bom sistema imunológico".
Os Estados Unidos, por exemplo, agora passam por uma " pandemia dos não vacinados ", como apelidou o presidente Joe Biden, já que eles representam 99% dos casos de covid-19 no país, que aumentaram por conta da presença da variante Delta.