Exame logo 55 anos
Remy Sharp
Acompanhe:

Medicamento coreano contra covid-19 chega ao Brasil nesta sexta-feira

O Regdanvimabe foi aprovado para uso emergencial pela Anvisa em agosto; expectativa do fabricante é vender para os setores público e privado

Modo escuro

Medicamento chega ao Brasil nesta sexta-feira e deve ser distribuído ainda em setembro, segundo fabricante (SB/Getty Images)

Medicamento chega ao Brasil nesta sexta-feira e deve ser distribuído ainda em setembro, segundo fabricante (SB/Getty Images)

K
Karina Souza

Publicado em 1 de setembro de 2021 às, 17h33.

Última atualização em 2 de setembro de 2021 às, 17h21.

O medicamento Regkirona (regdanvimabe), que tem como objetivo tratar casos iniciais de covid-19, chega ao Brasil nesta sexta-feira, 3. O produto foi aprovado para uso emergencial pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no dia 11 de agosto e deve ter seu uso restrito a hospitais -- públicos e privados. O regdanvimabe é um anticorpo monoclonal, ou seja, é um produto produzido em labratório e que reproduz as defesas do organismo capazes de ajudar o corpo a combater alguma doença específica. A empresa lembra que o medicamento não será vendido em farmácias, não funciona como tratamento precoce para a covid-19 e terá uso exclusivo dentro de hospitais.

Inovação abre um mundo de oportunidades para empresas dos mais variados setores. Veja como, no curso Inovação na Prática

O primeiro lote do medicamento a chegar no Brasil deve ter 1.200 doses, importadas da Coreia do Sul. O país asiático é a principal sede do fabricante do medicamento, a biofarmacêutica Celltrion Helthcare, que já comercializa no Brasil medicamentos contra o câncer como o Trastuzumabe (anticorpo monoclonal utilizado no tratamento de câncer de mama), o Rituximabe, outro anticorpo monoclonal destinado ao tratamento de linfomas e leucemias, e o Infliximabe, medicamento destinado ao tratamento de doenças autoimunes como artrite reumatóide e doença de Crohn.

Por aqui, a empresa ainda não divulga o preço do medicamento, que deve ser estabelecido a partir da liberação do primeiro lote do medicamento pela Anvisa. Em termos práticos: a agência tem de checar toda a documentação, laudos de controle de qualidade, entre outros critérios, antes de liberar o medicamento para distribuição no país. Trata-se de um procedimento comum em todos os medicamentos importados.

Em relação aos clientes, a empresa afirma que está no início das negociações com entes públicos e privados e, por enquanto, ainda não tem nenhuma venda fechada do medicamento.

Apesar do baixo número de doses importadas neste mês, a empresa garante que tem a capacidade de importar volumes bem maiores, capazes de atender à população brasileira como um todo. "Por enquanto, ainda não é possível importar a tecnologia para produzir o medicamento no Brasil, mas contamos com uma ampla rede de distribuição por aqui e queremos ampliar cada vez mais a presença do medicamento no país", diz Michel Batista, gerente sênior de negócios da Celltron no Brasil.

O principal objetivo do Regdanvimabe é usá-lo em pacientes de alto risco (idosos com comorbidades, pessoas com IMC superior a 35, com doenças imunosupressoras e com doenças pulmonar e respiratória, por exemplo), já logo quando tiverem a confirmação de que estão contaminados com a covid-19. "Quanto mais cedo, melhor. Em nossos testes, percebemos que, quando o medicamento é usado até o sétimo dia pós-confirmação da doença, temos resultados satisfatórios", diz Michel.

Em testes de fase 3 realizados pela empresa com 1.315 pacientes, 72% deles não evoluíram para casos graves da doença e, aos que tiveram de ir ao hospital, tiveram o tempo de internação reduzido. Esse resultado foi apresentado no congresso médico European Congress of Clinical Microbiology & Infectious Diseases em 2020.

Em relação às variantes, a empresa conduziu alguns testes em fase pré-clínica -- ou seja, ainda não foram testados em humanos -- e obteve resultados satisfatórios contra a variante B.1.351 (encontrada pela primeira vez na África do Sul), P.1 (encontrada pela primeira vez no Brasil) e a variante B.1.617.2 (Delta, encontrada pela primeira vez na Índia).  A empresa afirma que os testes conduzidos até o momento, com as variantes, foram feitos utilizando uma técnica chamada PRNT. Em linhas gerais, esse teste é o mesmo usado para ver a ação de anticorpos de uma pessoa vacinada ou previamente infectada pela febre amarela.

Hoje, além do Brasil, o medicamento é usado na Coreia do Sul, Espanha, Indonésia e Áustria, segundo a empresa. A Celltron também já submeteu o medicamento à aprovação do FDA (a "Anvisa" dos Estados Unidos) e aguarda aprovação e, na União Europeia, obteve o aval para que países que queiram utilizar o medicamento possam fazê-lo.

Outros medicamentos contra a covid-19

Além dos anticorpos fabricados pela Celltrion Healthcare, a Anvisa já concedeu autorização emergencial a outros medicamentos que atuam de forma semelhante. O primeiro é o REGN-COV2comercializado pela farmacêutica Roche e desenvolvido em parceria com a empresa Regeneron. A aplicação do medicamento tabém é intravenosa, com uso é restrito a hospitais e a venda é proibida ao comércio. O remédio também não substitui a vacina contra covid-19 e não serve como prevenção da doença. 

Segundo a Anvisa, o tratamento é indicado para o tratamento de casos leves ou moderados de covid-19 para adultos e crianças - com 12 anos ou mais que pesem no mínimo 40 kg - que não necessitam de suplementação de oxigênio, que apresentam alto risco de progressão para um caso grave.

O segundo medicamento semelhante aprovado pela Anvisa é o Remdesivir, da farmacêutica Gilead. Ele tem um histórico um pouco mais controverso: em estudo de janeiro deste ano, um dos mais recentes sobre o Remdesivir, apontou que a medicação ajuda a impedir o coronavírus de se reproduzir no corpo, inibindo algumas características do vírus. Os autores afirmam que a propriedade é conseguida diante de uma dose alta do medicamento. "Atualmente, é um regime de 5 dias tomando bastante Remdesivir", disse Kenneth Johnson, co-autor da pesquisa.

Ao mesmo tempo, a droga, usada desde novembro de maneira emergencial nos Estados Unidos, já foi desaconselhada pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A decisão do órgão global aconteceu após uma publicação no jornal de medicina britânico BMJ, no ano passado, apontando que o medicamento não ajudava a minimizar mortes ou o agravamento da doença.

O que dizem as últimas pesquisas científicas mais importantes? Descubra assinando a EXAME.

Últimas Notícias

ver mais
Falta de diagnósticos para Alzheimer preocupa especialistas
Ciência

Falta de diagnósticos para Alzheimer preocupa especialistas

Há 15 horas
Nasa exibirá pouso com primeira amostra de asteroide coletada no espaço
Ciência

Nasa exibirá pouso com primeira amostra de asteroide coletada no espaço

Há 2 dias
Cientistas descobrem exoplaneta maior que Jupiter em sistema com apenas três estrelas
Ciência

Cientistas descobrem exoplaneta maior que Jupiter em sistema com apenas três estrelas

Há 3 dias
Meia velha, lingerie usada, roupa antiga saiba onde descartar corretamente em São Paulo
Ciência

Meia velha, lingerie usada, roupa antiga saiba onde descartar corretamente em São Paulo

Há 3 dias
icon

Branded contents

ver mais

Conteúdos de marca produzidos pelo time de EXAME Solutions

Exame.com

Acompanhe as últimas notícias e atualizações, aqui na Exame.

leia mais