Mais de 100 pesquisadores contestam estudo sobre hidroxicloroquina
Os médicos e cientistas questionam o estudo sobre tratamento para o novo coronavírus que envolveu 96 mil pacientes
Lucas Agrela
Publicado em 29 de maio de 2020 às 09h38.
Última atualização em 29 de maio de 2020 às 14h44.
Mais de 120 pesquisadores e médicos de todo o mundo contestam o maior estudo sobre o uso da hidroxicloroquina no combate ao novo coronavírus . Os profissionais se uniram e divulgaram uma carta-aberta ao editor do jornal científico The Lancet, um dos mais respeitados do mundo, criticando o estudo que envolveu mais de 96 mil pessoas, entre as quais 15 mil receberam a droga. A pesquisa foi usada pela Organização Mundial da Saúde para suspender os testes do medicamento em pacientes com covid-19, bem como da variante cloroquina.
Apoiada pelos presidentes dos Estados Unidos e do Brasil, a droga é usada contra malária, lúpus e artrite reumatóide.
O jornal The Guardian publicou uma reportagem informando que dados do estudo coletados na Austrália não batem com os registros de departamentos de saúde ou bancos de dados.
A carta aponta 14 pontos questionáveis do estudo, como a dosagem mais alta do que o recomendado e o fato de o código do software usado para analisar os dados não ter sido revelado. A carta critica, também, que não foram informados os nomes dos institutos de origem das informações.
Os pesquisadores que assinam a carta-aberta pediram para ter acesso aos dados, o que não foi possível devido a acordos feitos com governos e hospitais. Eles pedem que a Surgisphere, a companhia americana que detém os dados da pesquisa, emita um comunicado defendendo o estudo sobre a hidroxicloroquina. A empresa informou que trabalha apenas com institutos de primeira linha e que, como na maioria das corporações, o acesso a dados individuais de hospitais é controlado.