Leucemia: descoberta pode ajudar a detectar a doença em fases iniciais
Redação Exame
Publicado em 29 de dezembro de 2025 às 13h30.
Novo estudo sugere que mudanças "silenciosas" na medula óssea podem indicar risco precoce de leucemia, antes do aparecimento de sinais clínicos da doença.
A investigação, publicada na revista Nature Communications aponta para um papel central do microambiente ósseo na evolução dos cânceres do sangue, ajudando na detecção precoce e estratégias de prevenção.
O estudo foi conduzido por cientistas do European Molecular Biology Laboratory (EMBL), do University Medical Center Mainz (UMC Mainz) e da Universidade de Basel, na Suíça. A equipe analisou amostras de medula óssea de doadores saudáveis e de indivíduos com hematopoese clonal de potencial indeterminado (CHIP) e síndrome mielodisplásica (SMD), condições consideradas prévias à leucemia.
Os pesquisadores descobriram que, com o envelhecimento, células saudáveis que ajudam a manter a medula óssea funcionando corretamente vão sendo substituídas por células inflamatórias. Essas novas células liberam sinais que estimulam o sistema imunológico e mantêm a inflamação ativa, o que interfere na produção normal das células do sangue.
Essas alterações podem acontecer anos antes de a leucemia apresentar sintomas ou ser diagnosticada.A inflamação observada não é intensa nem causa dor, mas é constante. Além da leucemia, essa inflamação está associada a várias doenças, como problemas cardíacos e distúrbios metabólicos.
Essa mudança sutil na medula óssea pode servir como um sinal de alerta precoce para o desenvolvimento de cânceres mais agressivos, como a leucemia mieloide aguda.
Segundo os cientistas, a inflamação contínua que altera o funcionamento dos ossos pode se tornar um novo foco de pesquisa e ajudar no desenvolvimento de tratamentos capazes de impedir que a doença avance antes de se tornar mais grave.
Além de destacar a importância da medula óssea como um local central no processo de transformação em doenças graves, os resultados sugerem que terapias direcionadas à modulação da inflamação poderão ser um caminho para prevenir ou retardar essas doenças.