Ciência

Lançamento de foguete da Virgin Orbit falha e frustra ambições do Reino Unido na corrida espacial

O LauncherOne, da empresa do bilionário Richard Branson, apresentou uma anomalia e não conseguiu atingir a órbita planejada

NEWQUAY, ENGLAND - JANUARY 09: A model of the LauncherOne rocket as Cosmic Girl, a Boeing 747-400 aircraft, prepares to take off at Cornwall Airport Newquay on January 9, 2023 in Newquay, United Kingdom. Virgin Orbit launches its LauncherOne rocket from the spaceport in Cornwall, marking the first ever orbital launch from the UK. The mission has been named Start Me Up after the Rolling Stones hit. (Photo by Matthew Horwood/Getty Images) (Matthew Horwood/Getty Images)

NEWQUAY, ENGLAND - JANUARY 09: A model of the LauncherOne rocket as Cosmic Girl, a Boeing 747-400 aircraft, prepares to take off at Cornwall Airport Newquay on January 9, 2023 in Newquay, United Kingdom. Virgin Orbit launches its LauncherOne rocket from the spaceport in Cornwall, marking the first ever orbital launch from the UK. The mission has been named Start Me Up after the Rolling Stones hit. (Photo by Matthew Horwood/Getty Images) (Matthew Horwood/Getty Images)

AO

Agência O Globo

Publicado em 10 de janeiro de 2023 às 10h10.

Última atualização em 10 de janeiro de 2023 às 10h11.

O lançamento de satélites pela Virgin Orbit, que deveria ter sido a primeira missão espacial lançada a partir do Reino Unido, falhou, desferindo um golpe em sua tentativa de se juntar às fileiras de nações que se aventuram em projetos e viagens aeroespaciais e derrubando as ações da empresa do bilionário britânico Richard Branson.

O foguete LauncherOne, lançado do Boeing 747 modificado chamado “Cosmic Girl”, sofreu um mau funcionamento no meio da missão e não chegou à órbita da Terra, como o previsto, levando à perda de sua carga útil de nove satélites.

A falha foi anunciada pela Virgin em um post no Twitter. Mais tarde, a empresa anunciou que o avião Boeing 747 modificado chamado “Cosmic Girl” “regressou em segurança” ao Aeroporto de Newquay, na Cornualha, no sudoeste do Reino Unido, com a tripulação a bordo.

O 747 “Cosmic Girl” modificado decolou do Spaceport Cornwall, um consórcio que inclui a Virgin Orbit e a Agência Espacial do Reino Unido, às 22h02 ( hora local), carregando o foguete LauncherOne, de 21 metros, sob sua asa. A uma altitude de aproximadamente 35.000 pés, o LauncherOne foi disparado, momento em que a missão parecia destinada ao sucesso.

Depois de se separar da aeronave, o foguete acionou seus motores, tornou-se hipersônico e alcançou o espaço, onde se separou e acionou os propulsores de segundo estágio, informou a empresa com sede em Long Beach, na Califórnia.

“Em algum momento durante o disparo do motor de segundo estágio do foguete e com este viajando a uma velocidade de mais de 11.000 milhas por hora, o sistema experimentou uma anomalia, encerrando a missão prematuramente”, afirmou a empresa.

Embora as missões espaciais fracassadas não sejam incomuns, o resultado infeliz do empreendimento do Reino Unido carrega um peso adicional após a fanfarra patriótica associada a colocar a Grã-Bretanha - um líder mundial em produção de satélites, mas sem capacidade de lançamento - no mapa espacial.

Para a Virgin Orbit, a falha representa um revés material, com as ações caindo até 27% nas negociações pré-mercado dos EUA.

Revisando os cálculos

Ian Annett, vice-diretor executivo da Agência Espacial do Reino Unido, disse à BBC que a Virgin realizaria “uma revisão completa dos dados nos próximos dias para determinar exatamente o que deu errado”.

Os planos do Reino Unido para outro lançamento nos próximos 12 meses permanecem intactos, disse Annett, seja da Cornualha ou de outra das sete plataformas espaciais planejadas, entre elas um centro de lançamento vertical nas Ilhas Shetland, na Escócia.

A missão fracassada, batizada de Start Me Up em homenagem à música dos Rolling Stones, transportou satélites para sete clientes, incluindo um número para empresas do Reino Unido, uma missão militar EUA-Reino Unido e o primeiro orbitador de Omã.

A implantação de pequenos satélites surgiu em meio ao esforço para criar novas megaconstelações para comunicações de banda larga. Lançamentos globais, muitos deles por empresas privadas como a Space X, de Elon Musk, triplicaram para 1.700 satélites por ano desde 2012 e devem dobrar novamente até 2030, de acordo com a Agência Espacial do Reino Unido.

A Virgin Orbit havia suspendido os planos para um lançamento antes do Natal em meio a obstáculos de última hora, mas conseguiu realizar a missão na primeira de várias novas janelas espaciais que estabeleceu.

A confusão surgiu depois que a Virgin Orbit tuitou prematuramente que o lançamento havia atingido a órbita. No entanto, mais tarde, disse que ocorreu uma anomalia que impediu o foguete de atingir a órbita e excluiu o tuítet inicial. A Virgin Orbit disse em um comunicado que a missão, no entanto, “representa um importante passo à frente”.

Além do chamado lançamento horizontal tentado na segunda-feira do Spaceport Cornwall em Newquay, sudoeste da Inglaterra, duas bases escocesas também estão comprometidas com decolagens verticais no estilo Cabo Canaveral até o fim do ano, enquanto três outros locais do Reino Unido estão buscando o aval para lançamentos horizontais.

O lançamento de segunda-feira foi a sexta tentativa da Virgin Orbit de alcançar a órbita e a segunda falha em voo. Até agora, a empresa realizou lançamentos com sucesso quatro vezes a partir do deserto de Mojave, na Califórnia.

LEIA TAMBÉM:

Acompanhe tudo sobre:EspaçoFoguetesReino UnidoSatélitesVirgin

Mais de Ciência

Cientistas criam "espaguete" 200 vezes mais fino que um fio de cabelo humano

Cientistas conseguem reverter problemas de visão usando células-tronco pela primeira vez

Meteorito sugere que existia água em Marte há 742 milhões de anos

Como esta cientista curou o próprio câncer de mama — e por que isso não deve ser repetido