Ciência

Homem sobrevive graças a transplante de pele do irmão gêmeo

Antes do transplante, o homem tinha queimaduras em 95% do corpo e teve sua probabilidade de sobreviênvia definida como quase nula

Cirurgia: vantagem do procedimento entre irmãos gêmeos é que não há chance de a pele ser rejeitada pelo corpo (foto/AFP)

Cirurgia: vantagem do procedimento entre irmãos gêmeos é que não há chance de a pele ser rejeitada pelo corpo (foto/AFP)

A

AFP

Publicado em 23 de novembro de 2017 às 10h45.

Um homem que estava com queimaduras em 95% do corpo foi salvo graças a um transplante de pele de seu irmão gêmeo, uma conquista sem precedentes, de acordo com os médicos franceses que trataram o paciente.

"É a primeira vez que realizamos um transplante de pele entre gêmeos em 95% do corpo", disse à AFP o médico Maurice Mimoun, diretor da unidade de cirurgia plástica no hospital Saint-Louis de Paris.

Até agora, no mundo haviam sido registrados dois casos de transplante entre gêmeos de até 68% da superfície do corpo, segundo o cirurgião.

Em seu estado, a probabilidade de sobrevivência de Franck, de 33 anos, era quase nula.

A vantagem desta pele transplantada é que nunca será rejeitada pelo corpo e, portanto, não precisa de um tratamento imunossupressor, posto que os gêmeos idênticos têm o mesmo capital genético, segundo os médicos.

Em 27 de setembro de 2016, Franck foi internado no hospital após sofrer um acidente trabalhista.

Os médicos descobriram que ele tinha um gêmeo homozigoto (do mesmo óvulo), Eric. Ele aceitou ceder a pele e salvou a vida do irmão.

A primeira cirurgia aconteceu sete dias depois da hospitalização de Franck. Os irmãos foram operados ao mesmo tempo, com o objetivo de realizar o transplante de forma imediata. O mesmo aconteceu nos dias 11 e 44 da internação para cobrir a totalidade da superfície queimada.

Franck passou por uma dezena de operações, incluindo os transplantes e intervenções para retirar a pele queimada, tóxica para o organismo, segundo o doutor Mimoun.

A pele do doador foi retirada na forma de "camadas finas" - de 5 a 10 cm de largura - do crânio, que cicatriza rapidamente, em menos de uma semana. Também foi extraída das costas e das coxas, que demoram 10 dias.

No total, 45% da pele obtida foi ampliada em uma máquina como "meias", que foi colocada sobre o corpo queimado.

"As pequenas feridas entre cada malha cicatrizam em 10 dias", disse o cirurgião.

Para o doador, as operações pouco são notadas.

"Talvez tenha uma pequena diferença de pigmentação", afirmou o médico.

Geralmente, pessoas com quase 100% do corpo queimado recebem a pele de um doador falecido, mas esta é sistematicamente rejeitada após algumas semanas e deve ser substituída.

O paciente deixou a unidade de queimaduras do hospital de Saint-Louis em fevereiro, quase cinco meses depois da internação. Permaneceu internado até julho em um centro de reabilitação de Paris.

No momento, Franck, que voltou a caminhar, já está em casa e segue um programa de reabilitação, de acordo com Mimoun.

"Mora com sua companheira, se dedica a suas atividades, o rosto e as mãos se recuperaram muito bem", disse.

O gêmeo, Eric, também está em bom estado de saúde e muito feliz por salvar o irmão, destacou o médico.

Acompanhe tudo sobre:FamíliaFrançaMedicina

Mais de Ciência

Flora intestinal distinta pode servir para o diagnóstico do Autismo, aponta estudo

Estudo sugere que expectativa de vida humana pode ter alcançado limite

Ozempic reduz risco de demência em pacientes diabéticos, revela estudo

O que causa a enxaqueca? Estudo revela nova pista sobre origem da doença

Mais na Exame