Ciência

Healthtech Klivo, para pacientes crônicos, capta R$ 45 mi em Series A

Startup faz uso de equipe de saúde multidisciplinar, tecnologia e inteligência de dados para aumentar o engajamento ao tratamento e melhorar o quadro clínico, com redução de custos às partes

Marcelo Toledo (à esquerda) e André Sá, sócios-fundadores da healthtech Klivo | Foto: Divulgação (Klivo/Divulgação)

Marcelo Toledo (à esquerda) e André Sá, sócios-fundadores da healthtech Klivo | Foto: Divulgação (Klivo/Divulgação)

MS

Marcelo Sakate

Publicado em 23 de novembro de 2021 às 10h13.

Última atualização em 24 de novembro de 2021 às 10h22.

A healthtech Klivo, voltada para a gestão do tratamento de pacientes com doenças crônicas não transmissíveis, anunciou na manhã desta terça-feira, dia 21, a captação de 45 milhões de reais em uma rodada Series A.

O aporte foi liderado pelo Valor Capital Group, fundo de venture capital que já investiu em startups como Coinbase, Loft e Gympass. Outros investidores foram Civilization Ventures, Tau Ventures, Reaction (fundo de impacto de alumnis de Stanford), Canary, Norte Ventures e alguns investidores anjos presentes desde o seed em 2020.

A Klivo foi fundada em 2019 pelos empreendedores André Sá, ex-sócio do BTG Pactual e da Stone, e Marcelo Toledo, ex-sócio do Nubank, com o propósito de ampliar a eficiência do tratamento de pacientes com doenças como diabetes (que foi a primeira atendida), hipertensão e colesterol alto, entre outras. A próxima a entrar é obesidade.

"Quisemos juntar duas frentes: montar uma jornada com amplo engajamento do paciente junto com o controle de custo, que é o que pesa cada vez mais no bolso de quem paga essa conta da saúde", explicou Sá à EXAME.

A startup faz a coordenação do atendimento de pacientes com doenças crônicas, que são de longa duração, com o objetivo de melhorar o quadro clínico por meio do aumento do engajamento e de um acompanhamento contínuo e personalizado 24 horas por dia, com a redução de custos de tratamento como consequência.

"O sistema de saúde é desenhado para o evento agudo, para atender o paciente que tem algum sintoma mais grave. Mas o paciente com diabetes, por exemplo, precisa de acompanhamento 24x7 [24 horas por dia, sete dias por semana]", afimou o empreendedor.

A healthtech conta com uma equipe de saúde multidisciplinar, composta por médicos, enfermeiros, nutricionistas, psicólogos e educadores físicos, que atuam amparados por tecnologia e inteligência de dados.

Em um ano de operação (o primeiro foi de desenvolvimento do produto), a startup já atende mais de 21.000 pacientes, que chegam por meio de clientes corporativos em três frentes: operadoras de saúde (como Prevent Sênior e Porto Seguro), indústria farmacêutica (como Novo Nordisk e Roche) e grandes empresas (como BRF).

Em comum, a preocupação com a saúde de clientes e colaboradores e o objetivo de controlar as despesas com tratamentos. Na indústria farmacêutica, o objetivo é aumentar a adesão ao tratamento com medicamentos.

Os recursos do aporte serão utilizados para acelerar o crescimento, com o aumento de doenças crônicas atendidas e por meio de eventuais aquisições. O plano é triplicar o número de pacientes atendidos no próximo ano. "Saúde não é uma área em que se pode crescer de forma desenfreada, precisa ter organização e disciplina", afirmou.

Engajando os pacientes

Cada novo paciente recebe um kit de boas-vindas e tem uma consulta inicial com uma equipe clínica, que avalia as condições de saúde e o classifica em diferentes cohorts (grupos) de acordo com a hipótese mais provável. O tratamento tem início com base em quatro grandes pilares: tratamento em si, alimentação, exercícios e saúde mental.

É uma estratégia de ampliar gradualmente o número de produtos adotada por outras startups com modelos bem-sucedidos, como a Stone e o Nubank, para ficar em dois exemplos de fintechs.

O uso de tecnologia e inteligência de dados permite à Klivo analisar como cada paciente reage a cada momento e como isso ocorre de forma consolidada. Isso permite identificar as situações e os momentos mais recorrentes de menor ou maior engajamento, seja algo relacionado à alimentação, aos exercícios ou ao tratamento.

O empreendedor ilustra a importância do acompanhamento com exemplos testemunhados na prática. "No nosso primeiro cohort (grupo) que acompanhamos no fim do ano passado, as taxas de aderência ao tratamento estavam em níveis bons e crescendo, mas caíram pela metade nos dias 24 e 25 de dezembro." O índice glicêmico dos pacientes, acompanhado em tempo real, aumentou de forma substancial com os encontros para o Natal.

"Percebemos que, em datas festivas, precisamos criar campanhas para educar os pacientes", disse. Na Páscoa deste ano, a startup recomendou o consumo de ovos de Páscoa com 70% de cacau e teor glicêmico mais baixo.

Para o Natal deste ano, serão apresentadas três opções de lanches ricos em fibras para consumo uma hora antes da ceia, para desestimular um descontrole da dieta. "Ajudamos os pacientes a tomar decisões mais racionais pensando na própria saúde."

Outro exemplo real foi o de pacientes que apresentam um TMA (tempo médio de atendimento) muito elevado mesmo sem a ocorrência de um evento agudo decorrente de sua doença. "Eram apenas pacientes que queriam conversar, em geral com mais idade. Montamos grupos conforme a condição crônica e a idade, com a coordenação de psicólogos, para que pudessem conversar entre si. E foi um sucesso, aumentou o engajamento."

Sá avalia que o momento é propício para iniciativas como a da Klivo. "A pandemia trouxe para a vitrine o tema da saúde. O paciente em geral fica mais disposto a escutar em dois momentos, no diagnóstico e no evento agudo. E a pandemia foi o evento agudo para todo mundo, mesmo que a pessoa não tenha tido a doença."

 

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