Hambúrguer da Impossible Foods: consumidores demandam produtos com menos gordura e colesterol e que são melhores para o meio ambiente (Facebook/Impossible Foods/Divulgação)
Da Redação
Publicado em 6 de junho de 2017 às 18h47.
Última atualização em 6 de maio de 2019 às 18h52.
Nova York/Winnipeg - A criação um hambúrguer vegetariano com gosto de carne tem sido o Santo Graal das empresas de alimentos desde que as versões insossas à base de grãos chegaram aos supermercados dos EUA na década de 1980, quando as comidas preferidas pelos hippies começaram a entrar na alimentação da população em geral.
Atualmente, barrinhas de cereal, leite de soja e produtos orgânicos são vendidos em toda parte.
E empresas como Impossible Foods e Beyond Meat desenvolveram produtos vegetarianos que imitam muito de perto a carne bovina moída — com a mesma textura fibrosa, mesmo chiado na grelha e até algo que parece com o sangue que escorre da carne mal passada.
Comidas mais saudáveis e naturais abocanham uma parcela cada vez maior do gasto anual de US$ 1,5 trilhão dos americanos com alimentação.
Os consumidores demandam produtos com menos gordura e colesterol e que são melhores para o meio ambiente.
Os frigoríficos Tyson Foods e Maple Leaf Foods estão investindo em proteínas vegetais como alternativas à carne suína, bovina e de frango. Para o bilionário Bill Gates e o megainvestidor Vinod Khosla, a carne sem carne é a comida do futuro.
Há maior demanda por proteínas à base de lentilha, quinoa, feijão e ervilha porque os consumidores entendem que suas decisões de compra impactam sua saúde e o meio ambiente, de acordo com um relatório divulgado em janeiro pela firma de pesquisas corporativas Sustainalytics, sediada em Amsterdã.
As vendas anuais de carnes vegetais têm crescido 8 por cento ao ano desde 2010 para cerca de US$ 2 bilhões atualmente e a taxa de expansão é o dobro da observada para a carne processada, segundo relatório da Bloomberg Intelligence divulgado em outubro.
O mercado para substitutos da carne pode aumentar 8,4 por cento ao ano nos próximos cinco anos, com a China ajudando a acelerar o movimento ao tentar reduzir o consumo de carne pela metade até 2030, de acordo com estimativas do estudo da Sustainalytics.
Nos EUA, a transição está bem avançada.
Os hambúrgueres da Beyond Meat – feitos com ervilha, óleo de coco e sumo de beterraba (para o efeito sanguinolento) – são vendidos na rede de supermercados Whole Foods Market nos EUA, em Hong Kong e em 13 refeitórios da Universidade Yale, em Connecticut.
Outra grande novidade é da Impossible Foods, empresa iniciante sediada na Califórnia que faz um hambúrguer com trigo, óleo de coco e batata.
O produto não está nas lojas porque a companhia decidiu estabelecer a marca primeiramente em restaurantes badalados e de alto nível, como o Momofuku Nishi, em Nova York.
Os investidores também se animaram. O maior frigorífico dos EUA, Tyson Foods, comprou 5 por cento da Beyond Meat e uma divisão de venture capital da processadora de cereais General Mills também adquiriu uma participação.
A Impossible Foods tem entre seus investidores a Khosla Ventures, a Google Ventures e o UBS. O homem mais rico do mundo, Bill Gates, tem participações na Beyond Meat e também na Impossible Foods.
A maioria dos americanos deseja continuar comendo carne, mas as pessoas estão mais informadas sobre as consequências para a sustentabilidade e o meio ambiente.
São necessários 15.000 litros de água para produzir um quilograma de carne bovina e 1.600 litros de água para produzir um quilograma de trigo, segundo estimativas da Water Footprint Network.
Ainda assim, os americanos em geral não querem abrir mão do sabor.
“Eles estão famintos por uma solução”, disse o presidente da Beyond Meat, Ethan Brown.“Resta à ciência e a nós chegar a um ponto em que é impossível diferenciá-la do equivalente animal.”