Ciência

Gelo marítimo do tamanho da Índia desaparece devido a calor

A extensão do gelo marítimo polar em 4 de dezembro ficou cerca de 3,84 milhões de quilômetros quadrados abaixo da média de 1981 a 2010

Aquecimento global: no mundo todo, este ano caminha para ser o mais quente já registrado (Ian Joughin, University of Washington)

Aquecimento global: no mundo todo, este ano caminha para ser o mais quente já registrado (Ian Joughin, University of Washington)

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Reuters

Publicado em 5 de dezembro de 2016 às 17h05.

Oslo - O gelo marítimo nos arredores da Antártida e no Ártico atingiu baixas recordes pela primeira vez neste ano, já que encolheu duas vezes o tamanho do Alasca - um sinal das temperaturas globais crescentes, disseram cientistas climáticos.

Contrariando uma tendência mundial de aquecimento e um recuo constante do gelo no extremo norte da Terra, o gelo flutuando no Oceano Antártico vinha mostrando propensão a se expandir nos últimos anos.

Mas agora ele está encolhendo nos dois extremos do planeta, um acontecimento que está alarmando os cientistas e para o qual podem estar contribuindo o acúmulo de gases de efeito estufa criados pelo homem, o fenômeno climático El Niño, que este ano liberou calor do Oceano Pacífico, e oscilações naturais imprevistas.

"Há algumas coisas realmente loucas acontecendo", disse Mark Serreze, diretor do Centro Nacional de Dados de Neve e Gelo dos Estados Unidos (NSIDC, na sigla em inglês) em Boulder, no Colorado, explicando que as temperaturas em partes do Ártico ficaram 20 graus Celsius acima do normal em alguns dias de novembro.

No mundo todo, este ano caminha para ser o mais quente já registrado.

A extensão do gelo marítimo polar em 4 de dezembro ficou cerca de 3,84 milhões de quilômetros quadrados abaixo da média de 1981 a 2010, de acordo com medições de satélite do NSIDC - aproximadamente o tamanho da Índia, ou dois Alascas.

O gelo marítimo crescente da Antártida em muitos anos recentes tem sido um tópico recorrente para aqueles que duvidam que o aquecimento global seja produzido pelo homem.

John Turner, do Serviço Britânico na Antártida, disse que os ventos gélidos que varrem o continente vindos do oeste, talvez o isolando dos efeitos do aquecimento global, foram os mais fracos de duas décadas em novembro, o que pode ter deixado que mais calor rumasse ao sul, disse.

Uma recuperação da camada de ozônio de alta altitude sobre a Antártida, que liberou um ar mais fresco sobre o continente quando esta foi prejudicada por produtos químicos industriais hoje proibidos, também pode ser um fator.

Mas Turner disse que é difícil precisar o que está acontecendo.

"Quando começamos a receber dados de satélite, a partir de 1979, o gelo marítimo começava a diminuir. Todos disseram que era o aquecimento global... mas aí ele começou a aumentar de novo", contou.

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