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Cientistas criam gelo flexível capaz de se curvar como fio; veja vídeo

Pesquisadores da China desenvolveram gelos extremamente finos que não quebram sob pressão; invenção pode ser usada futuramente para detectar poluição no ar

Captura de tela do gelo flexível sob pressão (Gizmodo/Reprodução)

Captura de tela do gelo flexível sob pressão (Gizmodo/Reprodução)

LP

Laura Pancini

Publicado em 14 de julho de 2021 às 10h42.

Um grupo de cientistas chineses conseguiu desenvolver gelos extremamente finos que, ao invés de quebrar sob pressão, conseguem se curvar como um fio e assumir propriedades elásticas.

O estudo, publicado no periódico científico Science, descreve a invenção como microfibras elásticas.

Medindo apenas 4,4 micrômetros de diâmetro, os fios foram dobrados para uma forma quase circular e voltaram à sua forma original depois.

Como foi feito o gelo flexível?

Para desenvolver as microfibras de gelo, a equipe transferiu vapor d'água para uma câmara resfriada com nitrogênio líquido. Logo em seguida, um pino de tungstênio eletrificado a 2.000 volts é colocado dentro da câmara e, consequentemente, atrai o vapor d'água e forma as microfibras de gelo.

Depois, a temperatura da câmara oscila entre -57 °C e -238 °C, já que as baixas temperaturas tornam as microfibras mais flexíveis. Enquanto o gelo normal tem uma deformação elástica de 0,3%, o flexível alcançou deformação máxima de 10,9%.

As microfibras eram feitas de dois tipos diferentes de gelo, cada um com densidades diferentes. Sua estrutura interna é semelhante a um favo de mel, com cristais únicos com átomos dentro deles, repetidos dentro de um padrão.

Para que serve o gelo flexível?

“Elas podem guiar a luz de um lado para o outro”, disse Limin Tong, físico da Universidade de Zhejiang, na China, que fez parte da equipe que desenvolveu o gelo, ao New York Times. Isso significa que as microfibras podem eventualmente ser usadas para transmitir luz, como cabos de fibra óptica.

Caso a tecnologia de transmissão de luz evolua, a equipe acredita que ela possa ser usada para desenvolver sensores que detectam a poluição no ar.

Como fuligem tende a grudar no gelo, os cientistas acreditam que a luz se movendo através da microfibra pode trazer informações sobre a quantidade e tipo de poluição na região.

Por enquanto, não há aplicação direta para a descoberta e mais estudos precisam ser feitos. Mesmo assim, a invenção abre oportunidade para explorar a física do gelo — o que já é bastante interessante por si só.

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