Ciência

Estudo sugere que expectativa de vida humana pode ter alcançado limite

Pesquisadores indicam que a longevidade humana é limitada e intervenções atuais podem não a estender significativamente

Longevidade humana pode ter alcançado o limite. (Daniel Lozano Gonzalez/Getty Images)

Longevidade humana pode ter alcançado o limite. (Daniel Lozano Gonzalez/Getty Images)

Fernando Olivieri
Fernando Olivieri

Redator na Exame

Publicado em 12 de julho de 2024 às 11h22.

Embora o mercado de longevidade esteja em alta, com inúmeras promessas de vida estendida, um estudo liderado por S. Jay Olshansky, da Universidade de Illinois em Chicago, sugere que a expectativa de vida humana pode já ter atingido seu limite. Olshansky argumenta que a maioria das pessoas viverá entre 65 e 90 anos, devido à natureza intrínseca do envelhecimento celular e tecidual. Este processo, pouco compreendido, coloca um freio na esperança de uma vida centenária para a maioria da população. A reportagem é do The Wall Street Journal.

Olshansky e seus colegas estudaram dados demográficos e de mortalidade de 1990 a 2019 nos EUA e em países desenvolvidos, encontrando uma desaceleração na expectativa de vida ao longo desses 30 anos. Essa tendência já havia estagnado antes da pandemia de Covid-19, que reduziu ainda mais as taxas de expectativa de vida.

Jan Vijg, do Albert Einstein College of Medicine, no Bronx, chegou a conclusões semelhantes. Ele estudou a idade máxima verificada das pessoas mais velhas em diferentes países e observou que essa idade aumentou gradualmente desde os anos 1950 até os anos 1990, quando pareceu atingir um platô.

Jeanne Calment, uma francesa que faleceu em 1997 aos 122 anos, ainda detém o recorde mundial de maior idade verificada ao morrer. Vijg argumenta que, se a expectativa de vida não tivesse limite, alguns dos atuais centenários já teriam superado esse recorde.

'Vida não será prolongada'

O Nobel Venki Ramakrishnan explicou recentemente em uma palestra na Universidade de Harvard os muitos motivos pelos quais morremos. Ele não acredita que as intervenções atuais irão prolongar dramaticamente a vida. Técnicas para reverter o envelhecimento precisariam beneficiar todos os sistemas do corpo, incluindo o cérebro, por um longo período.

Kaare Christensen, coautor de um estudo que prevê que a maioria dos recém-nascidos nascidos nos anos 2000 viverão até os 100 anos se o progresso médico continuar, diz que ainda é cedo para saber quem está certo. Avanços futuros podem compensar a estagnação nos ganhos de expectativa de vida.

Christensen observa que pessoas nos seus 90 anos têm melhor função cognitiva e dentes mais saudáveis do que aquelas nascidas uma década antes. Ele recomenda que nos preparemos para viver até os 90 anos.

Olshansky iniciou sua investigação sobre os limites da longevidade em 1990, publicando um artigo afirmando que a expectativa de vida não aumentaria dramaticamente, mesmo se doenças como câncer e doenças cardíacas fossem eliminadas. Desde então, ele tem debatido essa questão.

Olshansky, no entanto, acredita que nenhuma intervenção irá estender a vida humana a esse ponto. Ele argumenta que os ricos e bem-educados, que tendem a viver mais, ainda têm chances reduzidas de chegar aos 100 anos.

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