Esta empresa já está pronta para descobrir se existe vida em Vênus
A companhia Rocket Lab, com sede em Long Beach, na Califórnia, nos Estados Unidos, já está trabalhando em uma missão para chegar ao planeta
Tamires Vitorio
Publicado em 16 de setembro de 2020 às 09h18.
Nesta segunda-feira, 14, cientistas descobriram uma substância que pode indicar que existe algum tipo de vida em Vênus (micróbios, para sermos mais exatos). Enquanto Elon Musk quer colonizar Marte, e Jeff Bezos quer que 3 trilhões de pessoas vivam no espaço, uma empresa fundada na Nova Zelândia quer entender a vida extrarrestre de uma outra forma.
A companhia Rocket Lab, com sede em Long Beach, na Califórnia, nos Estados Unidos, já está trabalhando em uma missão para chegar a Vênus. A ideia é que um satélite pequeno, chamado de Photon, deva ser lançado ao espaço já em 2023.
"A missão é para irmos e ver se conseguimos achar vida lá. Obviamente, a descoberta da fosfina realmente adiciona uma força a essa possibilidade, então acho que precisamos ir até lá dar uma olhada", disse o presidente e fundador da companhia, Peter Beck, em entrevista ao jornal americano The New York Times .
A fosfina, um gás altamente tóxico , é composto por hidreto de fósforo e é comumente utilizado em inseticidas na Terra, uma vez que não é encontrado em seu estado natural por aqui. Não se sabe a origem da substância em Vênus, mesmo depois de várias análises e mais estudos devem ser feitos para garantir a descoberta, que não deixa de ser um marco importante para a ciência. Segundo os cientistas, a fosfina na Terra é produzida por micróbios anaeróbicos (sem oxigênio) — e o mesmo pode ser verdade para o planeta quente, que beira os 462,2º graus celsius. Os astrônomos ainda não coletaram espécimes de micróbios de Vênus e não têm imagens deles.
Segundo o NY Times, a Rocket Lab já lançou diversos foguetes ao espaço e colocou pequenos satélites para companhias privadas, para a Nasa e também para a força militar americana. Uma missão para chegar à Lua em conjunto com a Nasa também está agendada para ser lançada no começo de 2021.
Mas a ideia da Rocket Lab de chegar a Vênus não começou depois da descoberta da fosfina por lá. Desde o ano passado a ideia era enviar uma sonda espacial para o planeta quente, a fim de entender melhor como é a superfície dele --- pouco explorada até o momento. O plano da empresa é desenvolver a missão totalmente em casa e investir completamente nela por si só, com o custo de 10 milhões de dólares. A espaçonave de fotóns pesa quase 300 quilos, e foi testada primeiramente na Lua neste mês, deve ser lançada para Vênus quando o planeta se alinhar à Terra, segundo o NY Times. A espaçonave deve passar diretamente pelo planeta, mas deve "deixar cair" a sonda espacial que irá investigar melhor o planeta.
Vale lembrar que Vênus é o planeta mais quente do nosso sistema solar, mesmo Mercúrio estando mais próximo do Sol. E é claro: a pressão do ar na superfície do planeta é cerca de 90 vezes mais forte do que a terrestre.
Atualmente apenas uma única sonda está no planeta, a japonesa Akatsuki, que conseguiu entrar com sucesso na órbita de Vênus em 2015. A sonda foi lançada em maio de 2010 com seis tipos de equipamento de observação, com objetivo de estudar as espessas nuvens sulfúricas que envolvem o planeta — e demorou cinco anos para alcançar a órbita venusiana.