Ciência

Equação prevê os riscos de uma pessoa ser infectada pela covid-19

O modelo matemático dos pesquisadores leva em conta dez variáveis para a transmissão do novo coronavírus; entenda

Covid-19: doença já deixou mais de 1 milhão de mortos no mundo todo (Nuthawut Somsuk/Getty Images)

Covid-19: doença já deixou mais de 1 milhão de mortos no mundo todo (Nuthawut Somsuk/Getty Images)

Tamires Vitorio

Tamires Vitorio

Publicado em 28 de outubro de 2020 às 16h05.

Última atualização em 29 de outubro de 2020 às 16h30.

Uma equação matemática de quase 60 anos pode ajudar a prever os riscos de um indivíduo contrair uma infecção pelo novo coronavírus. Para isso, a equação de Drake, usada para estimar a quantidade de planetas que possuem vida extraterrestre na Via Láctea e são capazes de se comunicar com a Terra, foi adaptada por especialistas da universidade americana Johns Hopkins. Quer entender a evolução da pandemia e o cenário de reabertura no país? Acesse a EXAME Research.

"Como alguém é infectado pela doença?" Esta foi a pergunta que os pesquisadores tentaram responder com a criação da fórmula chamada de Contagion Airborne Transmission inequality, ou CAT. Com ela, a ideia é que os indivíduos consigam entender qual é o risco de eles serem contaminados e como medidas preventivas, como usar máscaras e praticar o distanciamento social, estão auxiliando na proteção contra a covid-19.

O modelo matemático dos pesquisadores leva em conta dez variáveis para a transmissão, que incluem as taxas de respiração de infectados e não infectados, o número de gotículas com o vírus que são expelidas, o ambiente e o tempo de exposição. Quando multiplicadas, as variáveis resultam na possibilidade de uma pessoa ser infectada.

"O risco de ser infectado depende muito das circunstâncias", afirmou Rajat Mittal, coautor do estudo. "Se nós conseguimos visualizar o processo de forma mais clara e quantitativa, conseguimos tomar decisões melhores sobre quais atividades devem ser retornadas e quais devem ser evitadas", continuou.

Uma das circustâncias que podem acabar aumentando o risco de infecção é praticar exercícios em academias. "Pense na seguinte situação: duas pessoas estão correndo na esteira, ambas respirando com mais dificuldade que o normal. A pessoa infectada, por isso, está expelindo mais gotículas, e a pessoa não infectada está inalando essas gotículas", explicou Mittal. Em um espaço confinado como esse, o risco de transmissão é aumentado em um fator de 200.

Se os dois indivíduos usarem máscaras como a N95, o risco de transmissão é reduzido para um fator de 400 o que significa que a pessoa não contaminada tem menos de 1% de chance de acabar contraindo a doença. Mas, segundo os pesquisadores, até uma máscara simples de tecido é melhor do que máscara nenhuma.

O distanciamento social também tem uma correlação linear com o risco de ficar doente. Quando a distância é dobrada, o fator de proteção também dobra, o que reduz o risco pela metade.

Apesar do modelo ser o mais assertivo possível, algumas variáveis sobre o SARS-CoV-2 continuam um mistério. Ainda não se sabe, por exemplo, quantas gotículas infectadas precisam ser inaladas para causar uma infecção.

Acompanhe tudo sobre:CoronavírusDoençasEpidemiasMortesPandemiaPesquisas científicas

Mais de Ciência

OMS pré-qualifica primeiro autoteste para hepatite C

“Pior dor do mundo”: como é o tratamento para aliviar os sintomas da neuralgia do trigêmeo

Ozempic pode desenvolver rara forma de cegueira, apontam médicos dos EUA

FDA aprova novo medicamento para tratar Alzheimer

Mais na Exame