Cada aumento de um grau levará de 10 a 25% de perdas no campo. (Alffoto/Thinkstock)
Vanessa Barbosa
Publicado em 2 de setembro de 2018 às 16h29.
Última atualização em 2 de setembro de 2018 às 16h29.
São Paulo - Em um mundo mais quente, insetos famintos causarão maiores danos à agricultura, alertou um novo estudo publicado na revista científica Science.
O ataque de pragas às plantações responde atualmente por cerca de 10% das perdas de produção agrícola, mas se nada for feito para interromper a trajetória de aquecimento global, essa taxa pode aumentar até o final do século, prevê a pesquisa da Universidade de Washington, nos EUA.
Ao analisar os dados de ataque de pragas a culturas e a relação com o clima, os pesquisadores descobriram que cada aumento de um grau nas temperaturas globais levará de 10 a 25% de perdas no campo, especialmente em regiões temperadas.
A explicação é simples: à medida que sobem as temperaturas aumenta a taxa metabólica e o crescimento populacional dos insetos problemáticos. Na linha de frente desse processo, encontram-se três culturas básicas - arroz, milho e trigo.
Juntas, elas respondem por 42% das calorias diretas consumidas pelos seres humanos em todo o mundo. Com isso, o aumento dos prejuízos no campo resultará em um aumento da insegurança alimentar, especialmente em regiões onde a falta de alimento já é um problema, e pode levar a conflitos.
Na ponta do lápis, o aumento limitado a 2 graus na temperatura média global, por exemplo, resultará em perdas totais de aproximadamente 213 milhões de toneladas para os três grãos que estão na base da alimentação, dizem os pesquisadores.
França, a China e os Estados Unidos, que produzem a maior parte do milho, trigo e arroz do mundo, deverão experimentar os maiores aumentos nas perdas de colheitas provocadas por pragas.
O estudo surge no momento em que vários governos no mundo estão se tornando menos tolerantes com o uso de pesticidas, ao mesmo tempo em que especialistas da natureza alertam para a redução do número de insetos polinizadores benéficos para as plantações, como as abelhas.