Ciência

Diabetes regridem com dieta radical, diz estudo na Escócia

Estudo mostra que a doença pode ser revertida com perda de peso intensiva, deixando os pacientes livres de sintomas sem tomar remédios

Diabetes: entre as pessoas que perderam mais de 15 quilos no estudo, 86% tiveram remissão da doença (Getty Images/Getty Images)

Diabetes: entre as pessoas que perderam mais de 15 quilos no estudo, 86% tiveram remissão da doença (Getty Images/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 7 de dezembro de 2017 às 10h02.

São Paulo - Uma dieta radical de baixas calorias foi capaz de reverter a diabete tipo 2 mesmo em pacientes que já conviviam com a doença havia seis anos, aponta um estudo realizado por cientistas da Escócia e publicado na terça-feira, 5, na revista científica "The Lancet".

O trabalho mostra que a doença pode ser revertida com perda de peso intensiva, deixando os pacientes livres de sintomas sem tomar remédios.

Entre as pessoas que perderam mais de 15 quilos no estudo, 86% tiveram remissão da diabete - todos os sinais da doença desapareceram - em até um ano após o início do experimento.

"Nossos resultados sugerem que, mesmo para as pessoas que têm diabete do tipo 2 há seis anos, a remissão é factível. Em contraste com outras abordagens, nós focamos na necessidade de manutenção a longo prazo da perda de peso por meio de dieta e exercícios", disse o autor principal do estudo, Michael Lean, da Universidade de Glasgow.

Segundo dados da Organização Mundial de Saúde, a diabete afeta até 9% da população mundial e é uma das principais causas de enfarte, perda de visão, disfunção dos rins e problemas de circulação nos membros.

No Brasil, estima-se que 18 milhões de pessoas sofram com a doença - que cresceu 62% só na última década. Cerca de 90% dos casos são de diabete tipo 2, que ocorre por resistência à ação da insulina e tem a obesidade entre as principais causas.

O estudo, realizado na Escócia e na Inglaterra entre julho de 2014 e agosto de 2016, teve a participação de 298 pacientes diagnosticados com a doença, com idade de 20 a 65 anos, que não tomavam insulina. Os voluntários foram divididos em dois grupos.

Um grupo de controle com 149 pessoas seguiu o protocolo tradicional para tratamento da doença, com uso de medicamentos.

Outro grupo de 149 indivíduos teve os medicamentos cortados e foi submetido a um programa de redução de peso, em três fases.

Na primeira, os pacientes foram submetidos, de três a cinco meses, a uma dieta radical que substituiu toda a comida por uma fórmula alimentar de apenas 825 a 853 calorias diárias. Em geral, um adulto saudável consome cerca de 2 mil calorias por dia.

Na segunda fase, com duração de duas a quatro semanas, a comida normal foi reintroduzida gradualmente, até que o paciente chegasse a uma dieta de 1.400 calorias por dia.

Na terceira fase, de manutenção da perda de peso, os pacientes voltaram a comer normalmente, até um limite de 2.500 calorias, enquanto eram submetidos a uma terapia cognitiva comportamental combinada com estratégias para aumentar a atividade física.

Resultados

Doze meses após o início do experimento, os participantes que fizeram a dieta especial perderam 10 quilos, em média, e quase metade deles (68) teve remissão da diabete.

Entre os 149 pacientes que se submeteram à dieta, 36 (24%) conseguiram reduzir o peso em mais de 15 quilos - o que não foi conseguido por nenhum dos pacientes que seguiram o protocolo convencional de tratamento. Neste grupo, só 6 (4%) ficaram livres da doença.

O estudo também mostrou que o porcentual de remissão variou na proporção da perda de peso. "Esses resultados são muito animadores.

Eles podem revolucionar a maneira como a diabete tipo 2 é tratada. A perda substancial de peso resulta em uma redução da gordura no interior do fígado e do pâncreas, permitindo que esses órgãos voltem a funcionar normalmente - e nós mostramos que isso pode levar a uma remissão da doença", disse Roy Taylor, da Universidade de Newcastle. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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