Ciência

Depois da SpaceX, Blue Origin também levará astronautas à Lua

Nesta sexta, o bilionário Jeff Bezos, fundador da companhia, tuitou que era "uma honra ser parte desta viagem com a Nasa"

Blue Origin: novo contrato firmado com a Nasa  (PATRICK T. FALLON/Getty Images)

Blue Origin: novo contrato firmado com a Nasa (PATRICK T. FALLON/Getty Images)

AFP
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Agência de notícias

Publicado em 20 de maio de 2023 às 10h36.

Dois anos depois de firmar um primeiro contrato com a SpaceX, a Nasa anunciou, nesta sexta-feira (19), que escolheu a companhia espacial americana Blue Origin para construir um segundo sistema de alunissagem, destinado a transportar astronautas para a superfície da Lua.

O módulo de alunissagem foi selecionado pela agência espacial dos Estados Unidos para a missão Artemis 5, prevista para 2029. Antes disso, terá que comprovar sua segurança pousando na Lua sem tripulação.

Nesta sexta, o bilionário Jeff Bezos, fundador da Blue Origin, tuitou que era "uma honra ser parte desta viagem com a Nasa".

O contrato foi estimado em 3,4 bilhões de dólares (quase R$ 17 bilhões), mas John Couluris, vice-presidente de transporte lunar da Blue Origin, disse, em entrevista coletiva que a empresa contribuiria "muito além" desse valor para desenvolver a nave.

Artemis é o programa da agência espacial americana de retorno à Lua, que consiste em várias missões de dificuldade crescente.

Começou com a missão Artemis 1, que enviou uma nave espacial ao redor da Lua em novembro de 2022, sem tripulação.

A missão Artemis 2 enviará quatro astronautas ao entorno da Lua no segundo semestre de 2024, mas sem chegar a alunissar. Recentemente, revelou-se a identidade dos escolhidos, três americanos e um canadense.

A Artemis 3 será então a primeira missão que colocará astronautas na superfície lunar desde 1972. Está oficialmente programada para o fim de 2025, um cronograma que, ao que tudo indica, não será cumprido.

As duas missões seguintes, Artemis 4 (2028) e Artemis 5 (2029), também pousarão na Lua, mas passarão primeiro por uma nova estação espacial em órbita lunar, a Gateway, que ainda não existe.

Concorrência

Em 2021, a Nasa escolheu a SpaceX para construir o módulo de alunissagem da Artemis 3. O contrato foi avaliado em 2,9 bilhões de dólares (aproximadamente R$ 15 bilhões, em valores atuais) mas a SpaceX contribui com fundos que vão além desse montante.

A Blue Origin, que também competia por esse primeiro contrato, processou a Nasa, acusando a agência de ter escolhido uma só empresa para esta missão e não duas, como havia pretendido inicialmente, uma prática comum para que haja um plano B em caso de falha. Por fim, o processo foi arquivado.

Em 2022, SpaceX voltou a ser escolhida pela Nasa, desta vez para ficar responsável pelo módulo de alunissagem da missão Artemis 4. Ao mesmo tempo, a agência americana convocou outras empresas para participarem da licitação para o restante do programa.

"Queremos mais concorrência. Queremos dois módulos de alunissagem", afirmou nesta sexta o administrador da Nasa, Bill Nelson. "Assim, tem-se mais confiabilidade e uma alternativa de apoio", acrescentou.

O módulo de alunissagem da Blue Origin, denominado Blue Moon, terá 16 metros de altura e pesará 45 toneladas quando estiver cheio de combustível (hidrogênio líquido e oxigênio).

Diversas empresas são sócias no projeto: Boeing, Draper, Astrobotic, Honeybee Robotics e Lockheed Martin.

Esta última ficará responsável por desenvolver um elemento crucial da missão. Uma vez na órbita lunar, a Blue Moon deverá ser reabastecida com combustível antes de poder descer e recolher os astronautas da superfície da Lua.

A Lockheed Martin deve desenvolver uma espécie de transportador, capaz de reabastecer a Blue Moon no entorno da Lua.

A Blue Origin planeja usar seu foguete New Glenn, que nunca voou antes, para lançar tanto o módulo de alunissagem como esse transportador.

Prelúdio para Marte

Os astronautas viajarão a bordo da cápsula Orion, impulsionada para a Lua graças ao novo megafoguete SLS da Nasa.

Esses dois elementos foram testados vazios durante a Artemis 1 e serão testados com tripulação na Artemis 2.

Já na Artemis 3, a cápsula Orion se acoplará diretamente ao módulo de alunissagem da SpaceX. Dois astronautas descerão depois à Lua durante aproximadamente uma semana (outros dois permanecerão a bordo da Orion).

Uma vez que terminem seus experimentos, os dois astronautas retornarão no módulo de alunissagem para a Orion, que vai trazer os quatro integrantes da tripulação de volta à Terra.

Posteriormente, a Orion se conectará à estação espacial Gateway e os astronautas vão atravessá-la antes de embarcarem no módulo de alunissagem da SpaceX (Artemis 4), ou da Blue Origin (Artemis 5).

Todas essas missões têm como objetivo o polo sul da Lua, onde detectou-se água em forma de gelo.

O módulo de alunissagem da SpaceX será uma versão modificada de sua nave espacial Starship, que está atualmente em desenvolvimento no Texas. Em abril, o modelo explodiu em voo durante um primeiro teste importante.

O objetivo do programa Artemis é aprender a viver na Lua para testar todas as tecnologias necessárias para um destino ainda mais arriscado: Marte.

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