Ciência

Covid-19: Cientistas encontram marcador que pode acelerar produção vacinal

Novo estudo publicado na Nature mostra que anticorpos neutralizantes podem indicar a eficácia de uma vacina ainda em testes iniciais

Covid-19: Novo estudo também ressalta possibilidade de doses de reforço no futuro, como a vacina da gripe (RASSIN VANNIER/Getty Images)

Covid-19: Novo estudo também ressalta possibilidade de doses de reforço no futuro, como a vacina da gripe (RASSIN VANNIER/Getty Images)

LP

Laura Pancini

Publicado em 24 de maio de 2021 às 12h29.

Após a vacina contra o coronavírus, os níveis de anticorpos 'bloqueadores de infecção' no sangue são um indicador forte de quanta proteção o corpo ganhará contra a doença.

Mesmo uma presença pequena dos tais anticorpos neutralizantes indica que a vacina é eficaz na proteção contra o vírus SARS-CoV-2, de acordo com novo estudo publicado no periódico científico Nature, o que pode acelerar a produção de vacinas no futuro.

De acordo com Daniel Altmann, imunologista do Imperial College London, o estudo pode ajudar a definir características da resposta imune e, consequentemente, na proteção contra covid-19, conhecido como "correlato de proteção". "Encontrar o correlato de proteção tem sido realmente um santo graal para esta doença, como para outras. É surpreendentemente difícil de fazer."

Encontrar o correlato de proteção significa prever quão eficaz uma vacina será ainda em testes iniciais, o que pode acelerar a produção de imunizantes no futuro ao "aliviar a necessidade de fazer ensaios de fase III maiores, mais caros e demorados", disse James Triccas, coautor do estudo e microbiologista médico na Universidade de Sydney.

Os autores do estudo examinaram dados de anticorpos neutralizantes em sete vacinas amplamente utilizadas e encontraram uma ligação entre níveis de anticorpos dos pacientes durante a fase inicial do estudo e os resultados da eficácia no estágio final.

O estudo detalha que as vacinas da Moderna e da Pfizer com a BioNTech, ambas baseadas em mRNA, geraram respostas mais fortes de anticorpos neutralizantes, já o imunizante da AstraZeneca com Oxford mostrou uma resposta mais fraca — a informação, porém, não quer dizer que a vacina de Oxford não protege.

A conclusão dos pesquisadores é que doses de reforço podem ser necessárias para qualquer imunizante (até para quem tomar os de mRNA), já que os níveis de anticorpos diminuem com o tempo, assim como a vacina da gripe. A pesquisa também indica que a proteção contra covid-19 grave pode durar anos, mesmo sem uma dose futura.

A descoberta dos pesquisadores ajuda a explicar como a maioria das pessoas que foram vacinadas, mesmo com apenas uma dose, não costumam ter casos graves caso infectadas. Até "mesmo os baixos níveis de anticorpos, mais baixo do que pensávamos" provavelmente ajudarão o paciente, disse Altmann.

Além disso, a necessidade de doses de reforço no futuro indica que a produção de vacinas contra o coronavírus não deve diminuir com o avanço da vacinação pelo mundo, o que significa que a nova pesquisa pode ser essencial para acelerar o procedimento.

Porém, mais estudos serão necessários para entender quais células ou moléculas determinam o nível de proteção, algo que pode variar dependendo da tecnologia de cada vacina.

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