Coronavírus sobrevive até três semanas em carne congelada, diz pesquisa
Novo estudo preliminar indica que novo coronavírus pode sobreviver por até três semanas em carnes congeladas
Maria Eduarda Cury
Publicado em 25 de agosto de 2020 às 17h10.
Última atualização em 25 de agosto de 2020 às 17h46.
O novo coronavírus é capaz de sobreviver por até três semanas em carnes e peixes congelados, de acordo com uma pesquisa preliminar publicada no site de estudos científicos bioRxiv.
Para verificar por quanto tempo o coronavírus representava um perigo para os alimentos, os cientistas inseriram uma amostra do vírus em pedaços de salmão e porco vendidos em Cingapura.
Feito isso, tanto o salmão quanto o porco foram armazenados em temperaturas parecidas com as temperaturas de exportação. Se tratando de uma refrigeração para conservação padrão, a temperatura é de 4 graus Celsius e, para congelamento padrão, -15,56 graus Celsius.
Depois de 21 dias de repouso, os cientistas analisaram novamente os alimentos e perceberam que o vírus ainda estava presente - e ativo - nas amostras de salmão e porco. Segundo os especialistas, essa é uma das possíveis justificativas para surtos de coronavírus em países onde a doença não era identificada há algum tempo, como Vietnã, China e Nova Zelândia.
Os cientistas ainda demonstraram preocupação com o trânsito de alimentos congelados. A importação de alimentos contaminados e embalagens de alimentos é uma fonte viável para esses surtos e uma fonte de aglomerados dentro dos surtos existentes”, disseram no relatório.
Ainda que não seja um dos principais fatores de transmissão, é importante conscientizar os trabalhadores de fábrica a não manusarem embalagens e alimentos se estiverem com sintomas, para evitar um futuro surto. A Cooperativa Aurora Alimentos suspendeu, nesta quinta-feira, a exportação de frango para a China, após as autoridades deShenzhen acusarem a fábrica de enviar alimentos contaminados.
A Cooperativa ressalta, porém, que a medida é apenas por precaução."Apesar da absoluta confiança e da certeza que seu processo produtivo é isento da presença do vírus, a Aurora Alimentos, de modo a dar conforto às Autoridades Chinesas, optou por suspender temporariamente os embarques para a China, da planta de processamento de aves de Xaxim (SC), até que o episódio relatado em Shenzhen seja elucidado", disse para a Reuters.
Os responsáveis pela pesquisa concluíram que, no momento, as empresas devem reforçar os cuidados sanitários ao enviarem alimentos congelados. “Embora se possa argumentar com segurança que a transmissão por meio de alimentos contaminados não é uma rota de infecção importante, o potencial de movimentação de itens contaminados para uma região sem covid-19 e iniciar um surto é uma hipótese importante”, acrescentaram, em nota para a imprensa.