Ciência

Cientistas revelam vulcão misterioso que 'resfriou' a Terra e causou fome em vários países

Identidade do responsável pela erupção permaneceu desconhecida por quase 200 anos

Mateus Omena
Mateus Omena

Repórter

Publicado em 9 de janeiro de 2025 às 11h37.

Última atualização em 9 de janeiro de 2025 às 12h21.

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Um grupo de pesquisadores da Universidade de St. Andrew, no Reino Unido, desvendou o mistério de uma erupção vulcânica poderosa ocorrida em 1831, responsável por esfriar o clima da Terra. Embora a data da erupção fosse conhecida, o vulcão responsável permanecia um enigma.

A pesquisa analisou cinzas ainda presentes nos núcleos de gelo retirados da Groenlândia e identificou o vulcão Zavaritskii, situado na remota ilha desabitada de Simushir, no Pacífico, uma área disputada entre a Rússia e o Japão, como o causador do fenômeno.

Antes disso, especialistas acreditavam que o vulcão estava próximo à Linha do Equador, como o Babuyan Claro, nas Filipinas, e até cogitaram a possibilidade de o vulcão ser o responsável pela Ilha Ferdinandea, na costa da Sicília, na Itália.

A análise dos cientistas, publicada na Proceedings of the National Academy of Sciences, revelou que o Zavaritskii permaneceu ativo durante séculos, com sua última erupção conhecida datando de 800 a.C.

Impactos no planeta

Por causa da explosão vulcânica de 1831, a estratosfera terrestre foi coberta por tanto dióxido de enxofre que o Hemisfério Norte ficou 1°C mais gelado.

A erupção teve graves consequências: os gases sulfurosos lançados na atmosfera escureceram o céu e reduziram a temperatura global, resultando em fomes e revoltas sociais, especialmente na Índia e no Japão — apesar do resfriamento, os cientistas também investigam se fatores políticos estão envolvidos nesse caso.

Esse tipo de evento é típico das erupções vulcânicas plinianas, que são notoriamente violentas e envolvem a liberação massiva de cinzas e gases na atmosfera. O termo "pliniana" é uma referência a Plínio, o Jovem, que registrou a erupção do Monte Vesúvio em 79 d.C.

"Tempo desolador, choveu de novo a noite toda e a manhã toda, está tão frio como no inverno, há neve já profunda nas colinas mais próximas...", escreveu o compositor e pianista alemão Felix Mendelssohn Bartholdy (1809-1847), que estava nos Alpes no dia que aconteceu a erupção.

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