O estudo, publicado na revista Science, analisou a composição genética de 398 tipos de tomates selvagens, ancestrais e de “herança” (variedade heterogênea). A partir do material coletado, eles tentaram descobrir o que mudou no genoma ao longo dos anos.
“Na primeira etapa, nós tivemos que definir o que constitui um bom sabor em tomates. Nós checamos as variedades mais antigas”, explicou Denise Tieman, autora principal da pesquisa.
Segundo ela, as variedades industriais não contêm açúcar suficiente e nem substâncias essenciais para garantir que o tomate seja apetitoso. Tais qualidades teriam sido perdidas durante as décadas, uma vez que os produtores não tinham ferramentas científicas para medir o sabor devidamente. Quando criaram um tomate maior e mais resistente, acabaram sacrificando o gosto do produto.
A partir do resultado, os cientistas reuniram consumidores para provar 101 variedades de tomates – todas foram cultivadas na universidade. “ Nós cruzamos esses dados com os registros bioquímicos e com os compostos de aroma, como açúcares e ácidos. Com isso pudemos definir o que é um bom sabor em um tomate”, afirmou Denise.
Durante a investigação foram encontrados 13 compostos químicos associados ao sabor, que confirmaram que os tomates vendidos nos supermercados já perderam as características tradicionais. A ideia é criar uma nova variedade, que reúna os traços originais do fruto. Mas, não se anime: eles estimam que serão necessários três ou quatro anos para produzir esses novos tomates – e eles teriam um prazo de validade bem menor.
Tomatinho de ouro
Eles estão entre os cultivos mais caros do mundo. Nos EUA, o terceiro maior produtor de tomate, (depois da China e Índia), o produto representa mais de US$ 1 bilhão em vendas por ano.
Nutricionalmente, eles são fontes importantes de vitaminas A e C. Mas, as propriedades atuais são muito diferentes do frutinho que nasceu há 50 milhões de anos perto da Antártida e passou a ser cultivado há 2.500 anos na América Central e do Sul.
O tomate se espalhou pelo mundo depois da colonização espanhola no século 16 e, ao longo dos 400 anos seguintes, centenas de cultivares regionais surgiram. Com a expansão da agricultura comercial, após a Segundo Guerra Mundial, o tomate passou a ser cultivado com técnicas que o deixaram mais resistente à doenças, mais firme e com a cor mais vermelha.
Foi assim que os produtores passaram a vender suas colheitas por um preço mais elevado. Mas, nesse processo, os genes responsáveis pelo sabor do tomate foram perdidos e é possível que muitas gerações consumiram (e ainda vão consumir) um tomate que não é um tomate.
Texto publicado originalmente no portal Superinteressante.