Gatos: no Brasil, primeiro caso de animal contaminado com covid-19 foi uma felina em Cuiabá (Altan Gocher/NurPhoto/Getty Images)
Laura Pancini
Publicado em 23 de março de 2021 às 15h31.
Última atualização em 31 de março de 2021 às 16h22.
*Correção: Em uma versão original, o título dizia que a gata havia morrido da doença. A informação era falsa e corrigimos o texto.
Uma gata infectada com o novo coronavírus morreu na cidade de Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul.
O animal de dois anos de idade foi diagnosticado no dia 5 de março, duas semanas após seus donos também testarem positivo para a doença. Eles a levaram para um atendimento veterinário e o exame clínico apontou sintomas de perda de apetite, tosse, rouquidão, falta de ar e leve perda de peso.
O exame radiológico revelou "quadro inflamatório pulmonar, compatível a patologias de caráter infeccioso", de acordo com o documento. Uma semana após o diagnóstico, o animal necessitou de apoio respiratório e chegou a ser internada, mas foi liberada.
Posteriormente, um teste RT-PCR deu positivo para a presença de RNA viral do vírus. Os outros dois gatos que dividem a casa não tiveram sintomas e seus testes ainda estão em análise.
A Universidade de Caxias do Sul e da Universidade Feevale, responsáveis pela testagem dos três gatos, farão o sequenciamento genético da amostra do vírus para descobrir qual a variante responsável pela contaminação. No momento, a cepa brasileira P1 está dominante no estado.
O primeiro teste positivo da doença em um animal doméstico no Brasil foi na capital de Mato Grosso, Cuiabá. O caso é de uma gata de propriedade de uma família diagnosticada com o novo coronavírus. O animal não apresentou sintomas e seguiu em isolamento domiciliar com seus donos. Ao todo, pesquisadores já registraram 13 casos de animais com o coronavírus no Brasil.
Em maio de 2020, uma pesquisa publicada no periódico científico New England of Medicine afirmou que os gatos eram capazes de ser infectados pela covid-19 por humanos, mas somente de repassá-las para outros gatos. Não existe, portanto, nenhuma evidência científica de que o contágio de forma contrária aconteça.
Outro grande estudo realizado sobre casos de covid-19 em animais apontou, no entanto, que cães e gatos podem ser infectados pelo vírus tanto quanto os humanos, mas com sintomas muito mais leves e com menos riscos. Os pets, embora não apresentassem RNA positivo do vírus, já possuíam anticorpos contra a covid-19, o que indica que eles foram infectados anteriormente pela doença. Os pesquisadores descobriram que evidências de uma infecção prévia estavam presentes em 3% dos cachorros e em 4% dos gatos que participaram do estudo.
Em um comunicado oficial, a Federal And Drug Administration (FDA), agência americana análoga à Anvisa, recomenda que os animais não interajam com humanos e outros animais fora de casa durante o período da quarentena. O artigo diz ainda que donos de animais de estimação devem evitar passear com eles em parques e outros locais que possam ter um grande número de pessoas.
No Brasil, o Ministério da Saúde já recomendou, em uma fala sobre o coronavírus, que as pessoas sempre lavem as mãos após a interação com animais.
De acordo com artigo publicado em setembro de 2020, com base na análise genômica de diferentes espécies, estes são os animais que correm mais risco de contrair covid-19 (mas não necessariamente são capazes de transmitir para humanos).
Muito alto: humano, chimpanzé, gorila-ocidental-das-terras-baixas, bonobo
Alto: cariacu, hamster chinês, tamanduá-bandeira, golfinho-roaz
Médio: tigre siberiano, ovelha, gato, gado
Baixo: porco, cavalo, cachorro, elefante africano
Muito baixo: leão-marinho-da-califórnia, rato comum, corvo americano, jacaré norte-americano