Ciência

Cientistas encontram criatura bizarra em lagoa nas Filipinas

É a primeira vez que o molusco gigante é encontrado vivo por pesquisadores na natureza

Kuphus polythalamia: a espécie encontrada tem 1,5 metro de comprimento (University of Utah/Divulgação)

Kuphus polythalamia: a espécie encontrada tem 1,5 metro de comprimento (University of Utah/Divulgação)

Marina Demartini

Marina Demartini

Publicado em 18 de abril de 2017 às 18h15.

São Paulo – Cientistas encontraram um animal bizarro que parece ter saído diretamente do filme Alien (1979). O verme gigante, que tem mais de 1,5 metro de comprimento e cinco centímetros de largura, foi encontrado dentro de uma lagoa lamacenta nas Filipinas.

Chamada de Kuphus polythalamia, a espécie é o molusco bivalve mais comprido do mundo. A concha em que ela vive é descrita por cientistas desde o século XVIII. Porém, essa é a primeira vez que pesquisadores encontram a criatura viva dentro de seu casulo.

A dificuldade em achar a criatura viva está relacionada com a falta de informações sobre seu habitat natural. Aliás, os autores do estudo só descobriram onde o animal vivia devido a um documentário produzido nas Filipinas. Após assistirem ao filme, eles foram ao local e capturaram cinco espécies para análise.

“Eu fiquei impressionado quando vi pela primeira vez a imensidão desse animal bizarro”, contou Marvin Altamia, um dos autores do estudo, em um comunicado. “Estar presente no primeiro encontro com um animal como esse é o mais perto que eu posso chegar de um naturalista do século XIX”, disse Margo Haygood, outra autora da pesquisa.

O tamanho do molusco não foi a única característica que surpreendeu os cientistas. As análises mostraram que o animal não come da mesma forma que outra espécie de sua família, a Teredo, que prefere comer detritos de madeira. Na realidade, as bactérias que vivem nas guelras da Kuphus polythalamia é que se alimentam para o animal sobreviver.

Devido ao ambiente em que vive--rico em sulfeto de hidrogênio, gás nocivo para os seres humanos--as bactérias obtêm energia do sulfeto para transformar o dióxido de carbono em nutrientes. Além disso, a “tampa” da casca em que o molusco vive sela a sua boca, o que o impede de consumir outros sedimentos. Os autores da pesquisa acreditam que, por isso, os órgãos digestivos da Kuphus polythalamia atrofiaram.

O estilo de vida diferenciado da criatura gigante pode servir como base de uma hipótese proposta por Daniel Distel, autor principal da pesquisa. Sua teoria tenta explicar como alguns moluscos dessa família fazem a transição de uma alimentação focada em madeira para uma baseada em um gás nocivo.

“Também estamos interessados em ver se transições semelhantes podem ser encontradas em outros animais que vivem em habitats únicos em todo o mundo”, disse Distel em comunicado. Haygood ainda adiciona que a descoberta da espécie mostra que ainda há muito a ser descoberto na Terra. “Pensamos que este planeta está sendo bem explorado, mas acho que ainda há muito espaço para a exploração.”

Veja o vídeo (em inglês) sobre a descoberta:

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