Cientistas criam dispositivo que reduz dor do membro fantasma
A dor do membro fantasma é uma síndrome sofrida por pessoas que perderam uma extremidade e que continuam tendo sensações do membro e dor
EFE
Publicado em 21 de novembro de 2016 às 10h13.
Tóquio - Pesquisadores japoneses desenvolveram um dispositivo capaz de reduzir a dor dos pacientes com extremidades amputadas ou paralisadas que sofrem a chamada síndrome do membro fantasma, segundo confirmaram os cientistas nesta segunda-feira à Agência Efe.
O dispositivo torna possível "modular as atividades cerebrais relacionadas com os movimentos dos membros fantasmas, que eram difíceis de alterar pelo tratamento existente", explicou à Efe o líder do projeto, o professor adjunto da Universidade de Osaka Takufumi Yanagisawa.
Melhorar este novo aparelho "fará com que a dor do membro fantasma seja tratável no futuro", relatou Yanagisawa.
A dor do membro fantasma é uma síndrome sofrida por algumas pessoas que perderam uma extremidade (por amputação ou paralisia) e que continuam experimentando as sensações do membro e dor, que geralmente não pode ser atenuada com analgésicos convencionais.
"Uma teoria popular, mas cada vez mais controvertida, diz que (a dor) resulta da não adaptação à reorganização do córtex sensoriomotor, o que sugere que a indução experimental de mais reorganização deveria afetar a dor, especialmente se resulta em restauração funcional", diz o estudo, publicado na revista "Nature Communications".
As descobertas da pesquisa, realizada por cientistas do Instituto Internacional Japonês de Pesquisa de Telecomunicações Avançadas e da Universidade de Cambridge, "se opuseram à hipótese primária", explicou Yanagisawa, já que a restauração funcional não melhorou, mas intensificou a dor.
A equipe desenvolveu um programa de treinamento para movimentar uma mão artificial com uma interface cérebro-máquina, que foi testada em dez pacientes que tinham perdido o antebraço direito, e comprovou que foi a dissociação entre a mão protética e a fantasma o que reduziu a dor.
Isto evidencia "uma relevância funcional entre a plasticidade cerebral (faculdade do cérebro para se recuperar e se reestruturar) e a dor", o que poderia abrir o caminho para um tratamento.
A equipe está trabalhando na aplicação clínica desta descoberta para daqui alguns anos, e esse método também poderia ser utilizado para outras dolências psiquiátricas e motrizes.