Alzheimer: cientistas conseguiram reverter quadro em animais (Freepik)
Redação Exame
Publicado em 25 de dezembro de 2025 às 10h13.
Um novo estudo publicado na Cell Reports Medicine revelou que o Alzheimer pode ser revertido em animais ao restaurar o equilíbrio energético do cérebro.
A pesquisa liderada por Kalyani Chaubey, da Universidade Case Western Reserve, mostrou que camundongos com a doença em estágio avançado recuperaram integralmente a função cognitiva após tratamento com um composto chamado P7C3-A20, desenvolvido no laboratório de Andrew Pieper.
O foco do estudo foi a queda acentuada dos níveis de NAD+, molécula essencial para a função celular. A deficiência, agravada em cérebros com Alzheimer, prejudica processos básicos e está no centro do avanço da doença.
Os pesquisadores testaram duas frentes: a prevenção da doença ao manter o nível de NAD+ antes dos sintomas, e a reversão após o surgimento dos danos. Em ambos os casos, os resultados foram positivos, mas o efeito mais surpreendente foi observado em animais com Alzheimer já estabelecido.
Em modelos com mutações humanas em genes relacionados a proteínas, os danos cerebrais incluíam inflamação crônica, barreira hematoencefálica rompida, falha de comunicação neural e perda de memória.
Após o tratamento, houve recuperação completa da cognição e normalização nos níveis do biomarcador tau-217, utilizado clinicamente em humanos.
Durante mais de um século, o Alzheimer foi tratado como uma condição progressiva e irreversível. Nenhum ensaio clínico até hoje buscou restaurar capacidades cognitivas perdidas.
O novo estudo, realizado por instituições como University Hospitals e o VA Medical Center de Cleveland, desafia esse paradigma.
“Esses resultados fortalecem a ideia de que o cérebro danificado pode, em certas condições, se recuperar”, afirmou o Dr. Pieper, que também lidera o Brain Health Medicines Center.
Os cientistas alertam que o mecanismo não se confunde com suplementos de NAD+ disponíveis no mercado.
Segundo Pieper, esses produtos podem elevar a molécula a níveis perigosos e pró-cancerígenos. O P7C3-A20, ao contrário, restaura o equilíbrio sem ultrapassar a faixa fisiológica.
A pesquisa está sendo licenciada pela startup Glengary Brain Health, sediada em Cleveland, que planeja iniciar ensaios clínicos em humanos.
Entre os próximos passos estão a identificação de proteínas envolvidas na reversão da doença e o teste do método em outras formas de demência relacionadas à idade.
“Nosso objetivo é transferir essa abordagem terapêutica para a prática clínica e investigar se os efeitos observados nos modelos animais podem se repetir em pacientes”, disse Pieper.