(Ricardo Wolffenbuttel/Governo de SC/Agência Brasil)
Lucas Agrela
Publicado em 7 de maio de 2021 às 18h16.
Última atualização em 7 de maio de 2021 às 18h35.
A cidade de Vo, na Itália, tem apenas 3.300 habitantes e foi um dos primeiros focos do novo coronavírus na União Europeia. A ação no município foi rápida, houve lockdown e testes foram feitos mesmo em pessoas que não apresentavam sintomas. A Universidade de Padova e o Imperial College London chegaram a publicar um artigo a respeito da experiência com os testes na cidade para a contenção do vírus. Agora, pesquisadores estão novamente interessados no município, onde encontraram casos de pessoas “superimunes” (termo que não é científico) ao novo coronavírus, causador da covid-19.
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O jornal britânico The Times enviou reportagem para Vo e contou a história da cidade onde as pessoas ainda têm uma imunidade significativa ao coronavírus, mesmo um ano depois da primeira morte na região devido à covid-19, que ocorreu em 21 de fevereiro de 2020.
Segundo Enrico Lavezzo, microbiologista da Universidade de Pádua, entrevistado pelo Times, o motivo da “superimunidade” em alguns habitantes pode ser resultado do contato com o vírus depois de já terem anticorpos.
“O vírus entrou no corpo deles, infectou algumas células, mas foi rapidamente eliminado pelos anticorpos que eles já tinham. Mas outra coisa aconteceu: o vírus estimulou a produção de ainda mais anticorpos. Nenhum apresentou qualquer sintoma”, disse Lavezzo à reportagem do The Times.
A suspeita é de que o contato com o vírus após uma infecção possa aumentar o número de anticorpos de uma pessoa. Desse modo, o tempo de proteção contra a covid-19 aumenta. Vale notar que há casos conhecidos de reinfecção pelo novo coronavírus, ou seja, não há garantia alguma de que o contato com outras pessoas terá efeito protetor ou de que essa suspeita justifique o risco de um novo contágio pela doença infecciosa.
De acordo com a NBC News, o caso da cidade de Vo foi novamente analisado por pesquisadores da universidade de Padova e pelo Imperial College. O estudo deve ser publicado, se passar pelo processo de revisão de pares, uma análise independente feita por pesquisadores especializados e não envolvidos na execução do trabalho. No estudo, das 129 pessoas que ainda tinham anticorpos para a covid-19 depois de nove meses do início do surto no município, 16 apresentaram mais do que o dobro do número de anticorpos que tinham em maio. Embora casos semelhantes tenham sido encontrados em outras regiões, eles ainda são raros e, por isso, são alvos de investigação científica.
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