Poluição do ar em São Paulo (Fábio Vieira/FotoRua/Getty Images)
Agência O Globo
Publicado em 4 de abril de 2022 às 19h29.
Última atualização em 4 de abril de 2022 às 19h40.
Cerca de 99% da população mundial respira ar que excede os limites de qualidade e que, muitas vezes, está repleto de partículas que podem penetrar profundamente nos pulmões, entrar nas veias e artérias, resultando em uma série de doenças. Segundo estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS), a mais recente atualização das diretrizes sobre o ar que respiramos apontou que seriam necessárias mais ações, principalmente as que visem reduzir a utilização de combustíveis fósseis, responsável por gerar diversos gases poluentes, causadores de problemas respiratórios e de fluxo sanguíneo, responsáveis por milhões de mortes, consideradas “evitáveis”, a cada ano.
Realizado em mais de 6 mil pontos ao redor do mundo, a estimativa reforçou os números preocupantes de pesquisas anteriores. De acordo com o estudo, a qualidade do ar está mais comprometida em regiões como leste do Mediterrâneo e do Sudeste Asiático, seguidas pelo continente africano.
“Depois de sobreviver a uma pandemia, é inaceitável ainda ter 7 milhões de mortes evitáveis e inúmeros anos perdidos de boa saúde devido à poluição do ar. Ainda assim, muitos investimentos ainda estão sendo perdidos em um ambiente poluído, e não em um ar limpo e saudável”, disse Maria Neira, chefe do departamento de meio ambiente, mudanças climáticas e saúde da OMS.
O banco de dados, que tradicionalmente considera dois tipos de partículas (conhecidas como PM2,5 e PM10), pela primeira vez incluiu medições de dióxido de nitrogênio no solo. Essa substância se origina principalmente da queima de combustível, como o tráfego de automóveis, e é mais comum em áreas urbanas. A exposição a essa composição pode causar doenças respiratórias como asma e outros sintomas, como tosse, chiado no peito e dificuldade de respirar, o que gera um alto número de internações hospitalares, segundo a OMS.
“O material particulado, especialmente o PM2,5, é capaz de penetrar profundamente nos pulmões e entrar na corrente sanguínea, causando impactos cardiovasculares, cerebrovasculares (derrame) e respiratórios. Há evidências emergentes de que o material particulado afeta outros órgãos e também causa outras doenças”, constata o estudo.
O material particulado tem muitas fontes, como meios de transporte, usinas de energia, agricultura, queima de resíduos e indústria, além de fontes naturais, como a poeira do deserto. Países em desenvolvimento são especialmente atingidos pelos efeitos deste fenômeno, mas as maiores concentrações foram encontradas na região leste do Mediterrâneo, com destaque para a ilha do Chipre.
Segundo Anumita Roychowdhury, especialista em poluição do ar do Centro de Ciência e Meio Ambiente, organização de pesquisa de Nova Délhi, os países precisam se preparar para grandes mudanças para tentar reduzir a poluição do ar, incluindo o uso de veículos elétricos, o abandono dos combustíveis fósseis, a adoção de uma escala maciça de energia verde e a separação de resíduos por tipos.