Ciência

Bolsa encantada da Hermione existe? O Nobel mostra uma arquitetura molecular que parece mágica

Prêmio de Química foi para três cientistas que criaram materiais capazes de armazenar muito mais do que aparentam — assim como a bolsa sem fundo da personagem de Harry Potter

Embora muitas aplicações ainda estejam em pequena escala, os investimentos na área são grandes e o potencial é promissor. (Divulgação)

Embora muitas aplicações ainda estejam em pequena escala, os investimentos na área são grandes e o potencial é promissor. (Divulgação)

Luanda Moraes
Luanda Moraes

Colaboradora

Publicado em 8 de outubro de 2025 às 17h59.

Nesta quarta-feira, 8, a Academia Sueca anunciou o vencedor do prêmio Nobel 2025 de Química. Os premiados foram três cientistas que criaram algo tão impressionante que foi comparado à bolsa da Hermione, de Harry Potter.

Susumu Kitagawa, do Japão, Richard Robson, da Austrália, e Omar M. Yaghi, dos Estados Unidos, venceram o prêmio por desenvolverem as Estruturas Metalorgânicas, conhecidas pela sigla MOFs.

A comparação com a bolsa mágica não foi feita por fãs da saga, mas pelo próprio presidente do Comitê Nobel de Química, Heiner Linke. O motivo? Esses materiais conseguem armazenar quantidades absurdas de substâncias em espaços minúsculos.

Para entender, imagine um hotel molecular. Os MOFs são estruturas sólidas repletas de pequenos espaços vazios — como quartos de hotel — onde moléculas podem entrar e sair.

De acordo com a criação vencedora, em poucos gramas de um tipo chamado MOF-5, a área interna total equivale a um campo de futebol americano, o que leva a analógia com o mundo mágico.

O grande diferencial é que os cientistas conseguem ajustar as propriedades desses materiais de acordo com a necessidade.

Até o momento, é possível aplicações que vão do deserto à medicina:

  • Captura de carbono: podem armazenar dióxido de carbono de fábricas e usinas, ajudando a reduzir emissões de gases de efeito estufa.
  • Água potável: em experimento no deserto do Arizona, Omar Yaghi e sua equipe usaram MOFs para capturar vapor d'água à noite e liberar água potável quando aquecido pelo sol.
  • Purificação: separam substâncias químicas tóxicas da água, incluindo os chamados "químicos eternos" (PFAS).
  • Indústria eletrônica: já são usados para capturar gases tóxicos na fabricação de semicondutores.
  • Medicina: podem ser aplicados na administração controlada de medicamentos.

Embora muitas aplicações ainda estejam em pequena escala, os investimentos na área são grandes e o potencial é promissor.

Os três cientistas agora dividirão 11 milhões de coroas suecas — cerca de R$ 5,5 milhões. O prêmio será entregue em dezembro, em Estocolmo.

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