Ciência

Baleias bebês "sussurram" com mães para evitar predadores; ouça

O que acontece nas longas migrações marcadas por uma forte relação entre mãe e prole é um mistério que começa a ser desvendado pelos cientistas

Uma baleia jubarte mãe e seu bebê nadam no golfo de Exmouth na Austrália. (Fredrik Christiansen/Functional Ecology/Reprodução)

Uma baleia jubarte mãe e seu bebê nadam no golfo de Exmouth na Austrália. (Fredrik Christiansen/Functional Ecology/Reprodução)

Vanessa Barbosa

Vanessa Barbosa

Publicado em 28 de abril de 2017 às 10h42.

Última atualização em 28 de abril de 2017 às 11h46.

São Paulo - As baleias jubarte são conhecidas por suas migrações épicas que as levam das águas polares do Ártico e da Antártida, onde se alimentam durante o verão, para as águas tropicais e subtropicais, onde acasalam e dão à luz durante o inverno.

A viagem de retorno aos polos é crítica para a sobrevivência dos filhotes, por se tratar de um período em que eles estão muito vulneráveis à ataques de predadores ou a se enroscar em redes de pesca industrial. O que acontece nessas longas travessias marcadas por uma forte relação entre mãe e prole, entretanto, é praticamente um mistério para os cientistas.

Para reduzir essa lacuna de conhecimento, especialmente em relação ao processo de aleitamento, cientistas implementaram multissensores em oito baleias jubarte bebês e duas mães.

"Entender o comportamento do aleitamento neonatal é fundamental para a compreensão da energia e evolução do comportamento migratório da baleia jubarte e para ajudar nos esforços de conservação, mas apesar de sua importância, muito pouco se sabe sobre os detalhes, a taxa e o contexto comportamental desse processo", dizem os pesquisadores.

Os sensores, dotados de ventosas que se fixam na pele dos animais por um período de 8 a 68 horas, revelaram um tipo de som emitido pelos bebês, quando estes nadavam ao lado das mães, que surpreendeu os cientistas.

Em vez de emitirem uma vocalização longa e elaborada, característica da espécie, eles parecem "sussurrar" ao se comunicarem com as mães, usando "vocalizações de baixo nível", de acordo com os cientistas, que gravaram com sucesso os sons.

Os pesquisadores acreditam que as mães e os bebês se comunicam calmamente para evitar serem ouvidos por baleias assassinas ou baleias jubarte macho que estão em busca de um companheiro.

Ouça um trecho da gravação do "sussurro" de um bebê jubarte obtido pela rede NPR:

Entender o comportamento do sussurro é mais uma razão importante para se controlar a poluição sonora quando se fala em conservação do habitat das baleias.

Segundo a pesquisa, que foi publicada no periódico científico Functional Ecology, as "chamadas fracas" entre a mãe e o filhote são muito sensíveis aos ruídos no ambiente provenientes de atividades humanas, como o barulho de um navio, por exemplo, aumentando assim o risco de separação entre os dois.

Acompanhe tudo sobre:Animais em extinçãoEspéciesMeio ambientePreservação ambiental

Mais de Ciência

Astrônomos tiram foto inédita de estrela fora da Via Láctea

Estresse excessivo pode atrapalhar a memória e causar ansiedade desnecessária, diz estudo

Telescópio da Nasa mostra que buracos negros estão cada vez maiores; entenda

Surto de fungos mortais cresce desde a Covid-19, impulsionado por mudanças climáticas