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Aperte cinto e carteira — aquecimento global vai afetar seu voo

Em um mundo febril, os dias mais quentes deverão atrapalhar cada vez mais os planos de viagem, alerta pesquisa

Avião decolando: brasileiros perdem, por não usar, mais de 40 bilhões de pontos acumulados em cartões de crédito todo ano, segundo dados do Banco Central (Muratart/Thinkstock)

Vanessa Barbosa

Publicado em 15 de julho de 2017 às 07h17.

Última atualização em 15 de julho de 2017 às 07h17.

São Paulo - No final de junho, a companhia aérea American Airlines cancelou mais de 40 voos no Arizona, nos Estados Unidos, por conta das altas temperaturas. Em um mundo em aquecimento , os dias mais quentes deverão atrapalhar cada vez mais os planos de viagem.

Segundo uma nova pesquisa publicada na revista científica Climate Change, as altas temperaturas e ondas de calor mais frequentes poderão atingir de 10% a 30% dos aviões em todo o mundo nas próximas décadas.

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O motivo? À medida que o ar aquece, ele se espalha e sua densidade diminui, gerando menos elevação das asas quando o avião corre ao longo da pista. Assim, dependendo do modelo da aeronave, comprimento da pista e outros fatores, uma aeronave pode ser incapaz de decolar com segurança se a temperatura for muito alta.

Em dias mais quentes, o peso da aeronave acaba virando um fator de restrição para a decolagem. Por isso, as companhias aéreas poderão ter que reduzir o número de passageiros ou limitar a quantidade de carga ou combustível para decolar com segurança. Outra opção será aguardar por horas mais frias para voar, o que acarretaria atrasos e cancelamentos.

"Nossos resultados sugerem que a restrição de peso pode impor um custo não trivial à companhia aérea e impactar as operações de aviação em todo o mundo", disse em comunicado o principal autor do estudo, Ethan Coffela, da Columbia University.

A maioria dos estudos até agora se concentrou em como a aviação pode afetar o aquecimento global (as aeronaves representam cerca de 2% das emissões globais de gases de efeito estufa ), não o contrário.

"Isso aponta para os riscos inexplorados da mudança do clima na aviação", disse o coautor da pesquisa e climatologista Radley Horton.

Os pesquisadores estimam que, se as emissões mundiais continuarem inalteradas, as capacidades de combustível e os pesos da carga útil terão de ser reduzidos em até 4% nos dias mais quentes para algumas aeronaves.

Qualquer mudança seria significativa em uma indústria que opera com pequenas margens de lucro, alerta o estudo. "Isso sem levar em conta os efeitos logísticos e econômicos de atrasos e cancelamentos que instantaneamente podem se espalhar de uma companhia aérea para outra", lembra Horton.

Um punhado de estudos também já advertiu que o clima mais quente pode aumentar eventos de turbulência perigosa ao longo das principais rotas aéreas. Para evitar o problema, os aviões precisarão mudar a rota, realizando trajetos mais longos e, por tabela, consumirão mais combustível, o que em última instância acabaria por elevar o preço da passagem.

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