Anvisa aprova tratamento sem medicamento para mieloma múltiplo
Terapia inédita no Brasil aumenta taxa de resposta de remissão completa entre 80% e 90%
Laura Pancini
Publicado em 31 de março de 2022 às 14h15.
Última atualização em 31 de março de 2022 às 14h46.
Nesta quinta-feira, 31, a Anvisa aprovou o CAR T-cell para mieloma múltiplo, câncer das células plasmáticas.
A terapia acaba de ser aprovada nos Estados Unidos e recebe registro em tempo recorde pela agência de saúde brasileira, após cerca de um mês.
O tratamento foi desenvolvido pela farmacêutica Janssen e recebeu o nome comercial de CARVYKTI.
Até então, não havia uma terapia eficaz na indicação de pacientes que já passaram por outras linhas de tratamento, como anticd38, inibidor de proteassoma e imunomoduladores.
O mieloma múltiplo é uma doença comum entre pessoas idosas, acima de 60 anos. Os sintomas mais comuns são a anemia e a dor óssea. O diagnóstico é feito por meio de um exame de hemograma ou a indicação de um médico ortopedista.
É um perfil de paciente cuja opções terapêuticas são escassas, mas agora passa a ter uma opção muito eficaz, com taxa de remissão completa entre 80% e 90% de resposta e uma taxa de sobrevida muito mais prolongada acima de quatro anos.
Como funciona o tratamento?
A terapia CAR T-cell é uma das mais modernas e eficazes do mundo e não necessita de nenhum remédio. Através dela, as células de defesa da pessoa são treinadas para lutar contra o próprio câncer.
Para que isso aconteça, os leucócitos do paciente são colhidos, congelados, enviados para um laboratório nos Estados Unidos ou na Europa, modificados e devolvidos para a própria pessoa.
“São esses linfócitos modificados e turbinados que vão combater as células cancerígenas, mas sem quimioterapia ou radioterapia. Ou seja, as células da pessoa são potencializadas para lutar contra o próprio câncer”, disse Marco Aurélio Salvino, hematologista e um dos médicos que lideraram a pesquisa no Brasil.
O Hospital São Rafael D´Or, em Salvador, é um dos únicos centros do país certificados a realizar esse tratamento. Em poucos meses, a terapia estará já à disposição dos pacientes que se enquadram nesta nova terapia celular.
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