Ciência

Além da covid-19: o investimento bilionário da AstraZeneca contra o câncer

Farmacêutica anglo-sueca está investindo cerca de US$ 6 bilhões em novo tratamento contra o câncer

AstraZeneca: farmacêutica anglo-sueca prepara novo tratamento contra o câncer (Stefan Wermuth/Reuters)

AstraZeneca: farmacêutica anglo-sueca prepara novo tratamento contra o câncer (Stefan Wermuth/Reuters)

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Rodrigo Loureiro

Publicado em 27 de julho de 2020 às 11h28.

Uma das principais empresas envolvidas no desenvolvimento de uma vacina para o coronavírus, a farmacêutica anglo-sueca AstraZeneca também está de olho em um novo tratamento para o câncer. A empresa está investindo 6 bilhões de dólares na compra dos diretos globais de uma nova tecnologia que pode revolucionar a forma como os tumores são tratados.

Ainda sem um nome popular, o novo tratamento contra o câncer é chamado de DS-1062. A ideia dos pesquisadores é criar uma forma de administrar tratamentos de quimioterapia menos radicais ao organismo humano. Isso seria feito “isolando” as células cancerígenas, fazendo com que a quimioterapia não afete o restante do corpo.

Para isso, os cientistas apostam no aprimoramento das células que produzem a proteína Trop2. Este tipo de proteína é produzida em massa pela maior parte dos tumores cancerígenos na região das mamas e dos pulmões. A evolução dessas células poderia permitir a administração seletiva do tratamento quimioterápico.

"Há um potencial significativo neste conjugado de anticorpos em cânceres de pulmão, de mama e em outros que geralmente expressam o Trop2", disse o executivo-chefe da AstraZeneca, Pascal Soriot para a agência de notícias Press Association. Por ora, o medicamento que permite aprimorar as células ainda não foi aprovado em nenhum país.

Em valores, a AstraZeneca vai desembolsar 1 bilhão de dólares antecipadamente para a japonesa Daiichi Sankyo e mais 1 bilhão de dólares assim que o tratamento conseguir aprovação de órgãos de saúde. Outros 4 bilhões de dólares seriam pagos em seguida, como parte dos lucros obtidos com o tratamento nos pacientes.

No acordo firmado, a farmacêutica passa a ser creditada como uma das desenvolvedoras do novo tratamento. Teria, assim, uma fatia das vendas globais do tratamento, exceto no Japão, onde a Daiichi Sankyo manterá a exclusividade da distribuição do medicamento.

O acordo entre as duas companhias é semelhante ao acertado em março do ano passado, quando as ambas atuaram no desenvolvimento da droga Enhertu, também utilizada para tratar pacientes com câncer de mama.

"Essa nova colaboração estratégica com a AstraZeneca permitirá entregar o DS-1062 a mais pacientes em todo o mundo o mais rápido possível", disse Sunao Manabe, principal executivo da Daiichi Sankyo.

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