Marte: tempo pode passar mais rápido no planeta vermelho (Derek Berwin/Getty Images)
Redatora
Publicado em 5 de dezembro de 2025 às 13h41.
O tempo em Marte avança mais rápido que na Terra, segundo cálculos do Instituto Nacional de Padrões e Tecnologia dos Estados Unidos (NIST). A análise mostrou que relógios no planeta vermelho adiantam, em média, 477 microssegundos por dia em relação aos terrestres, resultado que confirma previsões da relatividade geral de Albert Einstein.
A diferença varia ao longo do ano marciano devido às mudanças contínuas na velocidade orbital e na distância do planeta em relação ao Sol. O estudo foi publicado no The Astronomical Journal, no artigo Um Estudo Comparativo do Tempo em Marte com Relógios Lunares e Terrestres.
A relatividade geral estabelece que a passagem do tempo depende da gravidade e do movimento de cada corpo celeste. Quanto mais intenso o campo gravitacional, mais devagar o tempo transcorre. Em ambientes com gravidade mais fraca, como Marte, o avanço é maior.
Além disso, a órbita excêntrica do planeta altera sua velocidade continuamente, ampliando a diferença temporal registrada.
Embora Marte já tenha um dia mais longo e um ano mais extenso que os padrões terrestres, essas medidas não explicam como cada segundo se comporta. Um relógio atômico funcionaria normalmente em ambos os planetas, mas comparações diretas mostram o descompasso previsto pela física. Ao longo do ano marciano, o adiantamento pode chegar a 226 microssegundos por dia.
Os pesquisadores usaram décadas de dados de missões espaciais para calcular a influência combinada do Sol, da Terra, da Lua e de Marte. A gravidade marciana, cerca de cinco vezes menor que a terrestre, também aumenta o efeito. Em comparação, a Lua apresenta desvio constante bem menor, acumulando cerca de 56 microssegundos por dia.
A diferença temporal, embora pequena, influenciará sistemas de navegação e redes de comunicação em missões ao planeta vermelho.
Hoje, a transmissão de mensagens entre a Terra e Marte leva de quatro a 24 minutos, dependendo da posição dos planetas. Para futuras missões tripuladas e para a operação de veículos autônomos, será necessário desenvolver padrões de tempo específicos para o ambiente marciano.
Ainda de acordo com os pesquisadores do NIST, compreender o ritmo temporal de cada corpo celeste é fundamental para a criação de redes interplanetárias precisas, semelhantes aos sistemas de posicionamento global usados na Terra.
A sincronização depende de relógios extremamente estáveis, sensíveis a variações mínimas de gravidade e movimento.