A vacina russa é segura? 10 respostas da vacina Sputnik V contra covid-19
A vacina Sputnik V desponta como uma das favoritas para ser a primeira a chegar ao mercado na tentativa de combater o novo coronavírus
Rodrigo Loureiro
Publicado em 6 de setembro de 2020 às 08h00.
Última atualização em 6 de setembro de 2020 às 15h08.
Nesta sexta-feira (4), o Instituto Gamaleya, na Rússia , publicou os resultados da principal vacina que está sendo produzida no país contra o novo coronavírus na revista científica The Lancet. Os estudos mostram que a imunização Sputnik V foi capaz de induzir resposta imune aos voluntários em suas primeiras fases de testes. Mas isso é suficiente para que a vacina chegue ao mercado?
Para responder a esta e outras perguntas sobre a vacina russa, a EXAME preparou um guia rápido com as principais dúvidas em relação ao assunto. Confira:
O que é a vacina russa?
As manchetes que utilizam este termo referem-se, em sua maioria, a vacina que está sendo produzida pelo Instituto Gamaleya, com sede em Moscou. A vacina é chamada de Sputnik V (leia-se Sputnik 5) e prevê imunizar os pacientes contra infecções do vírus SARS-CoV-2, o novo coronavírus.
A vacina russa é segura?
Ao que os testes publicados no The Lancet indicam, sim. Ainda que inicialmente. Houve uma resposta positiva ao combate do vírus SARS-CoV-2 sem que os pacientes experienciassem efeitos colaterais adversos considerados graves. Mais testes ainda são necessários.
Em que estágio estão os testes?
Nesta sexta-feira (4), o Instituto Gamaleya informou os resultados dos testes das fases 1 e 2 e mostrou que a vacina induziu uma resposta positiva ao combate da doença. Nesta etapa, os testes clínicos são realizados com algumas centenas de pessoas e avaliam, além da eficácia, os efeitos colaterais do composto administrado. Estes testes já haviam sido aprovados por órgãos de saúde na Rússia durante o mês de agosto.
Por que estes resultados do The Lancet importam?
Porque trazem mais transparência à comunidade internacional em relação ao fármaco. Como os primeiros testes foram realizados na Rússia, havia desconfiança de que os resultados pudessem ter sido manipulados. A falta de informações sobre os métodos de produção também preocuparam as autoridades de saúde.
A vacina russa já está sendo produzida?
Sim. Mesmo que os testes internacionais ainda estejam sido produzidos, o governo russo informou que já iniciou a produção da terapia de imunização pela farmacêutica Binnopharm, também localizada em Moscou. A empresa tem capacidade para produzir 1,5 milhão de doses por ano. O governo russo espera que, com a parceria com mais empresas, a produção mensal de vacinas seja de 5 milhões de doses.
Todas essas empresas parceiras serão da Rússia?
Não. O governo do presidente Vladmir Putin está conversando com autoridades da Índia para que a vacina russa seja produzida no país asiático. A Índia é um dos principais países afetados pelo novo coronavírus. Até sexta-feira (4) eram mais de 4 milhões de casos registrados no país e 69 mil mortes. O número de casos é ligeiramente menor do que o registrado no Brasil. Os Estados Unidos seguem na liderança com mais de 6,2 milhões de infectados.
Como funciona a vacina russa?
A vacina russa trabalha com a criação de um vetor, que é um vírus inócuo, que não consegue se reproduzir, e que estimula a criação de anticorpos do organismo para o combate do vírus SARS-CoV-2. É um método semelhante ao utilizado na criação de uma vacina pela Universidade de Oxford.
Quando chega no Brasil?
Ainda não há uma data definida. Nesta sexta-feira (4), o governo do Paraná afirmou que o fármaco será disponibilizado no país nos primeiros meses de 2021. A previsão faz parte do plano firmado em agosto pelo governo local, que firmou uma parceria para a produção da vacina na região.
Antes disso, a vacina russa será testada no Brasil?
Sim. Também no Paraná. No dia 27 de agosto, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) se reuniu com o governo paranaense para definir os detalhes da possível produção da vacina Sputnik V em solo brasileiro. Na ocasião, o governo do Paraná informou que a expectativa é de que a testagem seja iniciada em 45 dias. Ou seja, nas primeiras semanas de outubro.
A vacina russa é melhor do que a de Oxford?
O que se sabe até o momento é que os testes da vacina produzida pela Universidade de Oxford estão mais avançados (em escala internacional) do que os realizados com o fármaco desenvolvido em Moscou. Como a vacina russa ainda não passou pela terceira fase de testagem, que define a real eficácia do composto farmacêutico, é impossível cravar qual é superior. Em relação aos testes, há algumas vacinas na frente.