Ciência

A solução para os microplásticos? Cientistas criam alternativa biodegradável

Laboratório japonês desenvolveu plástico resistente à base de celulose que degrada sem liberar microplásticos

Microplásticos: fotógrafa britânica Mandy Barker decidiu alertar as pessoas sobre a poluição dos oceanos utilizando microplástico e resíduos plásticos encontrados em praias; esse tipo de poluição chegou até mesmo ao corpo humano (Mandy Barker/Divulgação)

Microplásticos: fotógrafa britânica Mandy Barker decidiu alertar as pessoas sobre a poluição dos oceanos utilizando microplástico e resíduos plásticos encontrados em praias; esse tipo de poluição chegou até mesmo ao corpo humano (Mandy Barker/Divulgação)

Da Redação
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Redação Exame

Publicado em 26 de dezembro de 2025 às 19h05.

Pesquisadores japoneses desenvolveram um novo tipo de plástico biodegradável à base de celulose capaz de se decompor completamente no meio ambiente sem gerar microplásticos.

O material combina alta resistência mecânica, a capacidade de suportar impactos e pressão, com uma degradação limpa. Essa tecnologia pode representar um avanço significativo no combate à poluição plástica.

O estudo foi conduzido por cientistas do RIKEN Center for Emergent Matter Science, no Japão, e publicado na Journal of the American Chemical Society.

Como foi desenvolvido o plástico?

O material foi obtido a partir da modificação química da celulose, uma substância natural abundante em fibras vegetais, como madeira e algodão. A celulose é considerada renovável e biodegradável, o que a torna uma alternativa atrativa aos derivados do petróleo.

De acordo com os pesquisadores, o diferencial do novo plástico está no uso de ligações supramoleculares, interações químicas mais fracas e reversíveis que não envolvem a formação de ligações covalentes permanentes.

Essas ligações permitem que o material seja forte durante o uso, mas se desfaça de maneira controlada quando exposto à umidade do meio-ambiente.

Um polímero é formado por longas cadeias de moléculas repetidas. No caso do novo material, essas cadeias são mantidas unidas por forças iônicas, isto é, interações entre cargas elétricas positivas e negativas. Esse tipo de ligação facilita a desmontagem completa do material em condições naturais.

Testes laboratoriais mostraram que, em contato com água salgada, o plástico se dissolve quimicamente em seus componentes originais, sem se fragmentar fisicamente.

Isso significa que ele não se quebra em pedaços microscópicos sólidos, como ocorre com plásticos comuns. Confira o vídeo divulgado pelos pesquisadores:

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Microplásticos e o meio ambiente

Microplásticos são partículas plásticas com menos de 5 milímetros de diâmetro, originadas principalmente da degradação incompleta de plásticos maiores.

Esses fragmentos já foram encontrados em oceanos, rios, solos agrícolas, alimentos e até no corpo humano.

O problema ambiental dos microplásticos está em sua persistência. Como não se decompõem facilmente, eles se acumulam nos ecossistemas e podem absorver substâncias tóxicas, entrando na cadeia alimentar.

Animais marinhos, por exemplo, confundem essas partículas com alimento, o que pode causar danos físicos e químicos.

A principal inovação do plástico japonês está no fato de que ele não gera esse tipo de resíduo. Em vez de sofrer uma fragmentação mecânica, o material passa por uma decomposição química completa, retornando ao ambiente na forma de substâncias simples e não poluentes.

Os pesquisadores afirmam que, embora a tecnologia ainda precise ser testada em escala industrial, o estudo demonstra que é possível desenvolver plásticos resistentes e funcionais sem criar passivos ambientais de longo prazo.

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