1º remédio sem testes em animais vai para aprovação nos EUA
Um chip de simulação de orgãos humanos pode acelerar o ritmo do desenvolvimento de novas drogas
Lucas Agrela
Publicado em 14 de março de 2021 às 13h57.
O primeiro medicamento sem testes em animais foi submetido à aprovação na agência americana FDA, análoga à brasileira Anvisa. O medicamento para auxiliar no tratamento do câncer foi desenvolvido por pesquisadores de Israel e, em vez de animais, o método de teste contou com um chip de simulação de órgãos humanos.
Os cientistas da Hebrew University of Jerusalem acreditam que será possível obter o registro para o uso do medicamento sem a necessidade de envolver animais em ensaios científicos. Os testes foram detalhados em uma publicação no periódico científico Science Translational Medicine .
Se aprovado, o medicamento pode abrir caminho para deixar para trás os testes de drogas em animais, hoje uma necessidade na aprovação desse tipo de produto.
“Até onde sabemos, esta é a primeira vez que uma droga está dando esse passo sem testes em animais, e a razão é que eliminamos essa necessidade usando nossa tecnologia de "humano em um chip"”, disse o professor Yaakov Nahmias, principal autor do estudo, em entrevista ao jornal Times of Israel . "Esta é a primeira demonstração de que podemos usar essa tecnologia para contornar experimentos com animais, e isso pode levar ao desenvolvimento de medicamentos mais rápidos, seguros e eficazes. Levar um medicamento ao ponto de testes clínicos normalmente leva de quatro a seis anos, centenas de animais e custa milhões de dólares. Fizemos isso em oito meses, sem um único animal e por uma fração do custo.”
O medicamento serve para combater problemas renais, um efeito colateral do uso de alguns medicamentos contra o câncer. Apesar de todo novo medicamento ser um avanço da ciência, a droga, em si, não é a grande novidade, e sim o método pelo qual realizaram os testes sem envolver animais, o que pode acelerar o desenvolvimento de novos remédios -- o que seria uma boa notícia em tempos de pandemia de covid-19.