Zegna deixa a alfaiataria de lado e faz roupa de ficar em casa
Nova coleção reinventa o clássico costume e gravata pensando no home office. Tudo com o selo de qualidade da grife italiana
Ivan Padilla
Publicado em 14 de abril de 2021 às 06h30.
Quando a marca de alfaiataria mais prestigiada da Itália muda de rumo pode ser mais, bem mais do que adaptação a um intervalo de isolamento. Com uma nova coleção lançada esta semana, a Ermenegildo Zegna, sinônimo de tecidos de alta qualidade e cortes clássicos, acaba de dar mais um passo para dentro de casa.
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Inspirada, sem dúvida, pelo momento de vida dos seus clientes, a Zegna transformou seu conceito de moda para imaginar uma categoria de roupas fácil de vestir. O novo conceito tem nome dentro da grife: Luxury Leisurewear. Como atestado de seriedade, a mudança foi anunciada em um manifesto assinado pelo estilista da marca, Alessandro Sartori.
“A coleção representa uma mudança de paradigma na forma como pensamos em estilo e sofisticação, à medida que tecemos um novo guarda-roupa versátil no tecido de nosso DNA, para se tornar uma parte fundamental de nossa filosofia de design no futuro. Embora Zegna tenha ultrapassado os limites da alfaiataria masculina por mais de 110 anos, hoje reconstruímos suas roupas para maior conforto, mantendo nossa posição na vanguarda da precisão da indumentária”, diz Sartori em um trecho da carta.
Ajustando-se a uma nova realidade que reconhece a importância da adaptabilidade e facilidade do guarda-roupa, afirma Sartori, a Luxury Leisurewear foi pensada para a forma como os homens vivem agora. Evoluindo ao lado de nossos clientes, a Zegna reimagina clássicos para refletir o zeitgeist cultural e os tempos de mudança em que descansamos, vivemos e trabalhamos em um só lugar e priorizamos o conforto pessoal.
Como esse conceito se traduz na roupa do dia a dia? O resultado é uma seleção de peças multifuncionais que vão além da formalidade tradicional, mantendo os padrões incomparáveis de têxteis e artesanato pelos quais a Zegna é conhecida. São principalmente jaquetas repelentes de água, calças cargo de última geração e anoraques com capuz feitos para a vida moderna.
Algumas peças já chegaram ao Brasil. A calça cargo e a camisa polo sem gola da foto de abertura da matéria custam, respectivamente, 7.500 reais e 4.950 reais. Estamos falando de Zegna, convém não esquecer.
Os bolsos utilitários, zíperes e capuzes trazem funcionalidade para roupas que desafiam a categorização e se adaptam a diferentes locais e condições climáticas. A campanha traz o modelo, cantor e compositor Gabriel-Kane Day-Lewis, filho do ator Daniel Day-Lewis, com roupas descontraídas, em silhuetas fluidas e cores terrosas.
A Zegna já havia dado os primeiros sinais de sua mudança de conceito em seu desfile na semana de moda masculina de Milão, em janeiro. Todos os elementos da grife estavam lá – a paleta de tons terrosos, as calças mais largas que estão em voga depois do fim da ditadura do slim, as jaquetas bomber mais ajustadas. Mas então Sartori já se inclinou para uma estética mais casual.
São mudanças nada desprezíveis quando levamos em conta a história de 112 anos da marca. Com sede nos arredores de Milão, a empresa se orgulha da produção de tecidos. Os rebanhos de ovelhas e vicunhas peruanas da marca estão em fazendas na Nova Zelândia, na Austrália e na África do Sul e são tratados por tosquiadores altamente especializados.
Tudo isso para produzir não o costume a que estávamos acostumados a ver, mas a roupas soltas, casacos amarrados e aquele ar de quem não se preocupou muito com o que vestia ao sair da cama – ainda que com todo o conforto do melhor cashmere e um desleixo que fica apenas na aparência.