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Última escola a desfilar, Beija-Flor traz o romance "Iracema"

A agremiação de Nilópolis, na Baixada Fluminense, encenou no sambódromo o romance "Iracema", publicado em 1865 por José de Alencar (1829-1877)

Beija-flor: os participantes de cada cena interagiam entre si, interpretando personagens para narrar episódios da vida de Iracema (Ricardo Moraes)

Beija-flor: os participantes de cada cena interagiam entre si, interpretando personagens para narrar episódios da vida de Iracema (Ricardo Moraes)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 27 de fevereiro de 2017 às 09h39.

Rio - Quinta colocada em 2016 e sempre candidata ao título, a Beija-Flor foi a sexta e última escola a desfilar na primeira noite de exibições do grupo de elite do carnaval do Rio, encerrando a primeira parte da folia na Sapucaí.

A agremiação de Nilópolis, na Baixada Fluminense, encenou no sambódromo o romance "Iracema", publicado em 1865 por José de Alencar (1829-1877).

O livro narra a história de amor da índia Iracema com o branco português Martim, união contestada pela tribo dela, mas que acabou resultando em Moacir, o primeiro mameluco (mestiço de índio e branco) brasileiro.

Para contar esse romance, a Beija-Flor inovou: numa iniciativa de Laíla, diretor de Carnaval e Harmonia, a escola não dividiu seus componentes em alas.

Foram mantidas apenas as alas obrigatórias segundo o regulamento, como a das baianas. Os demais integrantes da escola foram distribuídos de forma a compor seis cenas, intercaladas por grupos que ajudavam a contar a história.

Os participantes de cada cena interagiam entre si, interpretando personagens para narrar episódios da vida de Iracema.

Desfile da Beija-flor no carnaval do Rio de Janeiro, dia 27/02/2017

- (Pilar Olivares/Reuters)

Aparentemente a inovação deu certo - a escola desfilou compacta e a sequência de cenas era de fácil compreensão. As fantasias eram repetitivas, mas luxuosas e bem acabadas, assim como os carros alegóricos.

O samba é bom, mas tem uma letra cheia de termos indígenas difíceis de pronunciar - por isso, o público só se empolgava num trecho do refrão: "A jandaia cantou no alto da palmeira / o nome de Iracema". Outro motivo da falta de empolgação da plateia foi a hora do desfile, atrasado em função do acidente com o último carro da Paraíso do Tuiti. Quando a Beija-Flor terminou o desfile já eram 6h45, a segunda-feira havia amanhecido e era muito comum flagrar pessoas da arquibancada bocejando ou quase dormindo.

A empolgação do público, porém, não é quesito avaliado pelos jurados, daí a expectativa de que a Beija-Flor retorne no desfile das campeãs - não será zebra se conquistar o título.

Ao final, Laíla reclamou da disposição dos microfones sobre os instrumentos da bateria, mas elogiou o desempenho da escola: "Se não houvessem colocado microfones sobre os tamborins ficaria melhor. Mas fizemos nossa parte, e acho que somos candidatos ao título", avaliou.

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