Sempre é hora de começar a cuidar da saúde
Dr. Life se especializou em atender homens dispostos a adotar seu próprio estilo de vida: alimentação controlada, exercícios e até reposição hormonal. Cliente não falta
Da Redação
Publicado em 24 de agosto de 2011 às 17h27.
O médico americano Jeffry Life demorou 59 anos para perceber que a vida ia mal. Sentia-se velho, articulações e músculos doíam, mal tinha fôlego para subir escadas, a gordura apertava as roupas. Até que broxou. Recém-casado com a segunda mulher, 20 anos mais nova, Life (sobrenome real) percebeu que a relação desmoronaria se continuasse falhando. Aceso o sinal vermelho, o médico procurou um médico: os exames acusaram o colesterol nas alturas, com risco de diabetes.
Num acaso feliz, um exemplar da revista de halterofilismo Muscle Media caiu na sua mão. Jeffry concluiu que essa era a motivação necessária para mudar de vida: fechou uma planilha de objetivos e contratou o personal que o colocou na linha — um ex-soldado dos SEALS, força de elite da Marinha americana. Cinco dias por semana, passou a acordar às 4h para malhar. Em 133 dias emagreceu, ficou forte e ganhou um concurso de ex-gordinhos promovido pela Muscle Media.
Seis anos depois, em 2003, começou a sentir-se cansado e a engordar novamente. Sem entender o que havia de errado, decidiu pela primeira vez fazer uma dosagem hormonal: descobriu-se com andropausa, sua testosterona estava lá embaixo. Submeteu-se então a um tratamento de reposição hormonal e voltou a ter a disposição e a forma física da foto ao lado. Desde então, Life se especializou em atender homens dispostos a adotar seu estilo de vida: alimentação controlada, exercícios e reposição hormonal se necessário. Cliente não falta.
Como lembra o endocrinologista Mohamed Barakat, especialista em medicina antienvelhecimento, a boa forma é símbolo de status no meio empresarial. “O homem quer contar vantagem falando dos dólares que ganhou na Bolsa, do vinho caro que tomou e de como foi correr a maratona de Nova York”, diz. Em maio, Life lançou o livro The Life Plan, em que ensina: “A prevenção muda a vida”. Aos 73, garante se sentir mais disposto do que cinco anos atrás, e ainda melhor se comparado a uma década atrás. Orgulha-se de competir em levantamento de peso e artes marciais com gente que tem metade da sua idade. Como estudar também é preciso, em 2013 vai concluir um curso de MBA.
Adriano Luchetta, 37
O executivo engordou 25 quilos depois de casar. Sedentário, estressado e hipertenso, levou um susto em 2009. Uma taquicardia não o deixava dormir. Foi parar no prontosocorro e descobriu uma arritmia cardíaca. Matriculou-se numa academia, mas não conseguia perder peso. Há oito meses, foi ao endocrinologista e entrou na linha. Após baixar o peso de 110 para 90 quilos, recuperou a qualidade de vida.
Abílio Diniz, 74
O empresário do Grupo Pão de Açúcar correu sua primeira maratona aos 58 anos. Hoje, acorda às 5 da manhã para praticar exercícios. Trabalha das 7h às 19h, joga squash toda terça, não deixa de fazer esportes um dia, tem uma alimentação regrada e fuma, religiosamente, dois cigarros no fim do expediente. Casado com Geyze, 35 anos mais nova, com quem tem um garoto de 2 anos, evita badalações e só bebe em ocasiões.
A tal medicina antienvelhecimento
Há quem defenda que os seres humanos envelhecem porque o nível dos hormônios cai; logo, para evitar a velhice, seria necessário repor essas substâncias, para “enganar a corpo”. A medicina tradicional condena a ideia e não há consenso entre os médicos antienvelhecimento. A opinião mais aceita é que hormônios devem ser repostos se necessário — e com cautela.
“Embora associada a homens na faixa dos 60 anos, cada vez mais, jovens são vítimas da andropausa”, diz Wilmar Accursio, da Sociedade Brasileira de Antienvelhecimento, apontando que a alteração pode ter relação com estresse e contaminação ambiental (poluição, agrotóxicos nos alimentos), entre outros fatores. Um homem pode estar há 15 anos na andropausa e não notar, uma vez que os sintomas são associados à velhice: cansaço, falta de libido e de vigor.
As discussões sobre envelhecer com saúde passam, claro, pelos óbvios comer e dormir bem, não fumar, fazer exercício e controlar o estresse. Mas, caso você tenha se convencido de que prevenir é melhor que remediar, um bom começo é fazer checkups periódicos — a partir dos 25 anos, dosagem anual de colesterol e triglicérides é obrigatória.
Acima do peso ou com histórico de diabetes na família, tem de dosar a glicemia. Aos fumantes, sugere-se a prova de função pulmonar e a tomografia de tórax. Como doenças cardíacas são as que mais matam homens, é aconselhável fazer o exame de risco cardiovascular, que calcula as chances de infarto na década seguinte — comece aos 35 anos.
Aos quarentões, recomenda-se o exame de próstata, que compreende o temido toque e a dosagem de PSA no sangue. Aos 50, vale fazer uma colonoscopia para verificar se há câncer de intestino. Tudo bem, doença é desagradável. Mas muitas têm cura — depende de você.
Imortal, eu?
Financiadas pelo Google e pela NASA, as pesquisas da Universidade da Singularidade, que surgiu em 2009 no Vale do Silício, têm causado rebuliço na medicina. Os estudos apontam que será possível aumentar a expectativa de vida para 200 anos até 2040. O que vai permitir tal cenário? Para começar, a queda no custo do mapeamento do genoma. A primeira análise do tipo, que ficou pronta em 2003, custou 2,7 bilhões de dólares. Atualmente, o preço está em 10 mil dólares. Em 2020, a expectativa é que caia para 10 dólares.
Com isso, os cientistas da Singularidade acreditam que será possível nos prevenir, desde a infância, de doenças que desenvolveríamos aos 80 anos. Eis o futuro que vislumbram em três décadas: transfusões de células-tronco que vão possibilitar a regeneração de células mortas; transplantes feitos com órgãos do próprio doador clonados; e robôs do tamanho de um glóbulo que vão entrar na corrente sanguínea e conter o avanço de doenças. Ficção científica?
O médico americano Jeffry Life demorou 59 anos para perceber que a vida ia mal. Sentia-se velho, articulações e músculos doíam, mal tinha fôlego para subir escadas, a gordura apertava as roupas. Até que broxou. Recém-casado com a segunda mulher, 20 anos mais nova, Life (sobrenome real) percebeu que a relação desmoronaria se continuasse falhando. Aceso o sinal vermelho, o médico procurou um médico: os exames acusaram o colesterol nas alturas, com risco de diabetes.
Num acaso feliz, um exemplar da revista de halterofilismo Muscle Media caiu na sua mão. Jeffry concluiu que essa era a motivação necessária para mudar de vida: fechou uma planilha de objetivos e contratou o personal que o colocou na linha — um ex-soldado dos SEALS, força de elite da Marinha americana. Cinco dias por semana, passou a acordar às 4h para malhar. Em 133 dias emagreceu, ficou forte e ganhou um concurso de ex-gordinhos promovido pela Muscle Media.
Seis anos depois, em 2003, começou a sentir-se cansado e a engordar novamente. Sem entender o que havia de errado, decidiu pela primeira vez fazer uma dosagem hormonal: descobriu-se com andropausa, sua testosterona estava lá embaixo. Submeteu-se então a um tratamento de reposição hormonal e voltou a ter a disposição e a forma física da foto ao lado. Desde então, Life se especializou em atender homens dispostos a adotar seu estilo de vida: alimentação controlada, exercícios e reposição hormonal se necessário. Cliente não falta.
Como lembra o endocrinologista Mohamed Barakat, especialista em medicina antienvelhecimento, a boa forma é símbolo de status no meio empresarial. “O homem quer contar vantagem falando dos dólares que ganhou na Bolsa, do vinho caro que tomou e de como foi correr a maratona de Nova York”, diz. Em maio, Life lançou o livro The Life Plan, em que ensina: “A prevenção muda a vida”. Aos 73, garante se sentir mais disposto do que cinco anos atrás, e ainda melhor se comparado a uma década atrás. Orgulha-se de competir em levantamento de peso e artes marciais com gente que tem metade da sua idade. Como estudar também é preciso, em 2013 vai concluir um curso de MBA.
Adriano Luchetta, 37
O executivo engordou 25 quilos depois de casar. Sedentário, estressado e hipertenso, levou um susto em 2009. Uma taquicardia não o deixava dormir. Foi parar no prontosocorro e descobriu uma arritmia cardíaca. Matriculou-se numa academia, mas não conseguia perder peso. Há oito meses, foi ao endocrinologista e entrou na linha. Após baixar o peso de 110 para 90 quilos, recuperou a qualidade de vida.
Abílio Diniz, 74
O empresário do Grupo Pão de Açúcar correu sua primeira maratona aos 58 anos. Hoje, acorda às 5 da manhã para praticar exercícios. Trabalha das 7h às 19h, joga squash toda terça, não deixa de fazer esportes um dia, tem uma alimentação regrada e fuma, religiosamente, dois cigarros no fim do expediente. Casado com Geyze, 35 anos mais nova, com quem tem um garoto de 2 anos, evita badalações e só bebe em ocasiões.
A tal medicina antienvelhecimento
Há quem defenda que os seres humanos envelhecem porque o nível dos hormônios cai; logo, para evitar a velhice, seria necessário repor essas substâncias, para “enganar a corpo”. A medicina tradicional condena a ideia e não há consenso entre os médicos antienvelhecimento. A opinião mais aceita é que hormônios devem ser repostos se necessário — e com cautela.
“Embora associada a homens na faixa dos 60 anos, cada vez mais, jovens são vítimas da andropausa”, diz Wilmar Accursio, da Sociedade Brasileira de Antienvelhecimento, apontando que a alteração pode ter relação com estresse e contaminação ambiental (poluição, agrotóxicos nos alimentos), entre outros fatores. Um homem pode estar há 15 anos na andropausa e não notar, uma vez que os sintomas são associados à velhice: cansaço, falta de libido e de vigor.
As discussões sobre envelhecer com saúde passam, claro, pelos óbvios comer e dormir bem, não fumar, fazer exercício e controlar o estresse. Mas, caso você tenha se convencido de que prevenir é melhor que remediar, um bom começo é fazer checkups periódicos — a partir dos 25 anos, dosagem anual de colesterol e triglicérides é obrigatória.
Acima do peso ou com histórico de diabetes na família, tem de dosar a glicemia. Aos fumantes, sugere-se a prova de função pulmonar e a tomografia de tórax. Como doenças cardíacas são as que mais matam homens, é aconselhável fazer o exame de risco cardiovascular, que calcula as chances de infarto na década seguinte — comece aos 35 anos.
Aos quarentões, recomenda-se o exame de próstata, que compreende o temido toque e a dosagem de PSA no sangue. Aos 50, vale fazer uma colonoscopia para verificar se há câncer de intestino. Tudo bem, doença é desagradável. Mas muitas têm cura — depende de você.
Imortal, eu?
Financiadas pelo Google e pela NASA, as pesquisas da Universidade da Singularidade, que surgiu em 2009 no Vale do Silício, têm causado rebuliço na medicina. Os estudos apontam que será possível aumentar a expectativa de vida para 200 anos até 2040. O que vai permitir tal cenário? Para começar, a queda no custo do mapeamento do genoma. A primeira análise do tipo, que ficou pronta em 2003, custou 2,7 bilhões de dólares. Atualmente, o preço está em 10 mil dólares. Em 2020, a expectativa é que caia para 10 dólares.
Com isso, os cientistas da Singularidade acreditam que será possível nos prevenir, desde a infância, de doenças que desenvolveríamos aos 80 anos. Eis o futuro que vislumbram em três décadas: transfusões de células-tronco que vão possibilitar a regeneração de células mortas; transplantes feitos com órgãos do próprio doador clonados; e robôs do tamanho de um glóbulo que vão entrar na corrente sanguínea e conter o avanço de doenças. Ficção científica?