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Os sobreviventes da Legião Urbana

Em entrevista a EXAME.com, os ex-Legião Urbana, Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá, falam de seus projetos pessoais e da volta aos palcos juntos

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 26 de outubro de 2011 às 11h06.

São Paulo – Durante os quinze anos depois da morte de Renato Russo e do fim da banda Legião Urbana, o guitarrista Dado Villa-Lobos e o baterista Marcelo Bonfá tocaram projetos paralelos, construíram suas carreiras solo, mas não se separaram por completo.

Na edição deste ano do Rock in Rio, subiram novamente ao palco, com a Orquestra Sinfônica Brasileira e outros artistas, para tocar os sucessos da banda, em uma homenagem que emocionou fãs de várias gerações. E o tributo não para por aí.

Só neste ano, foram lançados dois filmes inspirados na Legião Urbana: “Somos Tão Jovens”, ficção de Antonio Carlos da Fontoura, e o documentário “Rock Brasília – Era de Ouro”, que contaram com grande ajuda dos músicos.

O filme “Faroeste Caboclo”, inspirado na música homônima do grupo e dirigido por René Sampaio, deve chegar às telonas ainda neste ano. Nessa produção, a presença de Marcelo Bonfá e Dado Villa-Lobos foi menor, mas, para Bonfá, se a letra for seguida à risca, não há risco de o filme dar errado.

Em entrevista a EXAME.com, eles falaram um pouco mais sobre seus projetos e sua volta aos palcos. Confira.

EXAME.com: Vocês têm perfis muito diferentes. Como esses perfis conversavam e funcionavam na época da Legião Urbana?
Marcelo Bonfá: Através de um canalizador chamado Renato Russo. Basicamente isso. É uma química. Na Legião Urbana, na verdade, era como um casamento. A gente canalizava em função de uma coisa chamada Legião Urbana e era um ideal comum. O que a gente tinha em comum, ou não, era trabalhado ali.

Dado Villa-Lobos: Eu acho que o que tendia ao comum era a criação musical. Acho que a música trazia as diferenças para um nível artístico objetivo e musical. Não pro Renato, que era outro cara e que era uma pessoa totalmente diferente.


EXAME.com: O que vocês estão fazendo de projetos pessoais agora?
Marcelo Bonfá: Cada um tem a sua carreira artística, musical, de compositor e músico solo. Eu estou no meu quarto trabalho, Dado está fazendo o segundo dele, e cada um tem suas peculiaridades. Desde o meu terceiro, eu não faço um álbum, não prenso. Eu trabalho totalmente independente, sirvo cafezinho, dobro os cabos, gravo, mixo, e é uma coisa que eu estou curtindo fazer. E eu já estou com oito ou nove músicas prontas, mas estou com um projeto de ir lançando a coisa aos poucos.

Dado Villa-Lobos: Desde 1998, eu tenho um estúdio onde eu gravava artistas do meu selo Rockit. Hoje eu não produzo mais, nem desenvolvo mais artistas para prensar disco. Ganhar dinheiro com isso é difícil. Mas lá é como se fosse meu escritório, onde eu entro e trabalho todo dia fazendo música. Existem projetos de filmes, seriados de TV e agora estou terminando meu segundo disco, que tem a ideia do passo do colapso, das músicas aleatórias, e canções variadas. São 12 canções, que estão na fase de mixagem e espero lançar antes do carnaval.

EXAME.com: Marcelo, você tem uma previsão de quando será lançado o seu?
Marcelo Bonfá: Antes do final do ano eu vou lançar um site com uma música que dá processo ao trabalho todo. Não estou apto a falar e nem quero falar do todo. Gosto de manter um segredinho... (risos)

EXAME.com: Faz pouco tempo que vocês voltaram a aparecer juntos. Tem algum plano de voltar a fazer shows juntos, como o que vocês fizeram no Rock in Rio?
Marcelo Bonfá: A gente tem muita vontade. Na verdade, a gente está trabalhando há um tempo, nós três (Dado Villa-Lobos, Marcelo Bonfá e o empresário Carlos Taran), e muita coisa aconteceu nesses últimos quatro anos. A gente sempre esteve junto e tal, mas muito voltados para o trabalho da gente. Mas tudo culminou no convite do Rock in Rio, que foi muito legal. Então, a gente está cheio de ideias, com os projetos interessantes. Acho que tem tudo para culminar em alguma coisa.

Dado Villa-Lobos: Eu acho que é isso. O formato que as coisas podem acontecer é aquele que foi feito no Rock in Rio, que foi uma grande festa, uma homenagem, com a rapaziada e os amigos cantando junto. Foi uma grande festa e aquele formato com a orquestra foi muito bacana, se a gente pudesse repetir, ia ser bom.


EXAME.com: Vocês têm participando da produção dos filmes ligados à Legião Urbana, como o Faroeste Caboclo, por exemplo?
Marcelo Bonfá: Mais de alguns do que de outros. A gente deu entrevista para o documentário que mostra a nossa história (“Rock Brasília – Era de Ouro”), que a gente viu recentemente e é emocionante. Antes disso, a gente ajudou muito no roteiro de “Somos tão jovens” (de Antonio Carlos da Fontoura). “Faroeste Caboclo” é um filme que, se respeitarem a letra, vai ser um grande filme. A gente não tem muito como opinar porque a letra não é nossa, é do Renato (Russo), mas eles chegaram a procurar a gente para ver como a gente via os caras.

Dado Villa-Lobos: Na verdade, foi mais para usar o fonograma original, que era fundamental. Se não tivesse, ia ficar esquisito.

EXAME.com: As influências do que vocês ouvem hoje são as mesmas do que vocês ouviam antes, na época da Legião Urbana?
Marcelo Bonfá: Na verdade, as minhas continuam as mesmas. O velho pop-rock inglês, que eu gosto muito, em detrimento do que é feito nos Estados Unidos. Eu gosto de tudo que é pop, rock experimental. Para mim, a indústria pop é uma indústria como a de refrigerante, toda especializada. O rock vem para dar uma sacaneada e o eletrônico e as coisas experimentais experimentam. E esse mix, ou um ou outro, é meu universo.

Dado Villa-Lobos: Eu acho que é isso, é um acúmulo de referências. Desde o rock e do punk-rock, tudo que você ouviu desde que nasceu vai acumulando. Na época de Brasília, a gente ouvia The Cure, Magazine, XTC, por aí. E, ao longo do tempo, isso continua exercendo uma grande força. E aí eu busco mais ou menos aquela energia. Hoje tem o Interpol, Cat Power, Radiohead, Eels, tem coisas aí incríveis. Julieta Venegas, por exemplo, e por aí vai.

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