O alfaiate Ricardo Almeida: agora, modelagens amplas e tecidos confortáveis (Ricardo Almeida/Divulgação)
Ivan Padilla
Publicado em 25 de outubro de 2021 às 08h00.
Última atualização em 25 de outubro de 2021 às 08h56.
A alfaiataria brasileira tem um rosto. Nas últimas duas décadas, Ricardo Almeida tem sido a grande referência nacional no segmento. Mas nem sempre foi assim. “Quando lancei a marca, em 1991, com peças muitos coloridas, comecei a fazer sucesso no mercado publicitário, entre artistas e modelos. Minha roupa entrou em figurinos de novelas e fiz amizade com muitos atores, que participavam dos meus desfiles”, conta.
A popularidade no meio artístico, porém, teve um preço. “Muitas pessoas que não se achavam descoladas, magras e bonitas não entravam na loja, achavam que a marca não era para eles”, diz. A virada aconteceu na eleição presidencial de 2002. “Quando o Duda Mendonça me chamou para mudar a imagem do Lula, que era candidato, as pessoas viram que eu podia atender não só modelos.”
O figurino do candidato aumentou o mercado da marca, segundo Ricardo Almeida. “Vários executivos viram que eu poderia atender a todos, que eu conseguia fazer roupa tanto para o Supla quanto para o Eduardo Suplicy.”
Nos últimos anos, seguindo tendências internacionais, os ternos e costumes da Ricardo Almeida tiveram uma cara muito definida: modelagem slim, paletós mais curtos, lapelas finas. Os tempos são outros. A pandemia acelerou uma onda em curso de roupas mais amplas e com tecidos mais confortáveis.
A resposta da Ricardo Almeida a esse novo momento é uma linha lançada agora chamada homemeeting. “Com o home office as pessoas passaram a trabalhar mais em casa e a se vestir com mais conforto. E isso se reflete até na alfaiataria. Vamos ver cada vez mais costumes em malhas, em tecidos que amassam menos”, diz.
Mudanças são sempre graduais. Quem estava acostumado com modelagem slim vai conseguir usar agora paletós mais desestruturados e calças largas, como já se vê nos desfiles de moda europeu? “Sempre leva um tempo. Nem todos estão aderindo, mas acredito que essa mudança acontecerá em até dois anos.”