Projetos residenciais de luxo incluem obras de arte como chamariz
Além da arquitetura e do paisagismo, o Alameda Jardins, projeto da Tishman Speyer que será entregue em dezembro, aposta em um terceiro elemento: a arte
Matheus Doliveira
Publicado em 14 de setembro de 2021 às 11h11.
"No geral, as pessoas são atraídas pela planta e pelo tamanho dos apartamentos antes de olharem o condomínio. No caso do Alameda Jardins, muitos clientes nos procuraram querendo saber primeiro das obras de arte presentes no prédio, depois dos imóveis em si", comenta Leila Jacy, Diretora de Desenvolvimento da Tishman Speyer, incorporadora de luxo global responsável por empreendimentos como oRockefeller Center, em Nova York,que entregará em dezembro seu primeiro projeto residencial nos Jardins, em São Paulo.
Localizadoentre as Ruas Chabad, Oscar Freire, Melo Alves e Avenida Rebouças, o Alameda Jardins foi pensado como um condomínio residencial com cara de galeria de arte nas áreas comuns.
Ao todo, são 26 andares: do primeiro ao 21º, os apartamentos de 91 m² e 178 m² têm, respectivamente, 2 e 3 suítes. Do 22º pavimento até o 26º, as unidades de 4 suítes possuem 268 m². Mesmo com o preço salgado de 28 mil reais por metro quadrado, a presença das obras de arte como principal chamariz deu certo: 85% das unidades já foram vendidas.
“No último ano houve um forte crescimento na busca por obras de arte. Tanto entre o público que já enxergava valor nesses itens quanto por parte de novos compradores, que passaram a buscar naarteum complemento ou mesmo o item central para a decoração de seus ambientes", dizAna Serra, sócia diretora da Carbono,uma das galerias de arte envolvidas no projeto do Alameda Jardins.
Além da galeria Carbono, o espaço Nara Roesler também ajudou na curadoria dos artistas. Ao todo, seis nomes assinam as obras espalhadas pelos 26 andares: todos eles são brasileiros.
O paisagismo do Alameda Jardins, composto por 600 metros quadrados de praças e alamedas, é de Pamela Burton, arquiteta e paisagista norte-americana que já assinou projetosicônicos nos Estados Unidos, Japão, Coreia, e China. É nessa mesma área que será instalada uma escultura em larga escala, ativada pelo público, de autoria do artistaRaul Mourão.
Expoente de uma geração de artistas que marcou o cenário carioca dos anos 1990, Mourão é reconhecido por sua produção multimídia, na qual se destaca um olhar permeado pelo senso de humor crítico sobre o espaço urbano. A obra presente no empreendimento é resultado de uma pesquisa recente na qual o artista vem realizando esculturas cinéticas de caráter interativo.
No térreo do prédio, um painel de 17 por 3 metros, assinado por Athos Bulcão, integra a área externa ao lobby residencial de pé-direito triplo, onde estará a instalação da artista Laura Vinci, um desdobramento da pesquisa que a artista vem realizando nos últimos anos com esculturas de folhas fundidas em latão e banhadas a ouro que pontuam a arquitetura do espaço, como se tivessem sido trazidas por uma leve brisa.
No hall de elevadores de cada um dos 26 andares, os moradores contarão com fotografias de Cássio Vasconcellos. A seleção de obras também inclui Vik Muniz, artista brasileiro que já expôs suas obras em museus e galerias de todo o mundo. Em seu trabalho, Muniz questiona e tensiona os limites da representação ao compor paisagens, retratos e imagens icônicas com matérias-primas inusitadas. No empreendimento, Vik Muniz assina um painel comissionado de 20 metros de comprimento por 2,5 metros de altura, que será instalado na cobertura do prédio, ao lado de uma piscina de 25 metros com vista única para a cidade. A obra segue os moldes de uma instalação realizada pelo artista em uma estação de metrô em Nova York, em 2017, na qual personagens da cidade em tamanho real são retratados em um grande mosaico.