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Professor critica forma como acordo foi discutido

“Só duas pessoas discutiram o acordo, não foram duas academias”, diz Pimental, ironizando que 39 dos 40 membros de cada uma das academias “não têm o que falar”

Giz, apagador e lousa: de acordo com o professor, os nove acordos ortográficos feitos desde o século passado, foram todos improvisados (Stock.Xchange)
DR

Da Redação

Publicado em 21 de dezembro de 2012 às 16h07.

Brasília – O professor Ernani Pimentel criticou a forma como o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa foi discutido, já que segundo ele apenas dois gramáticos formularam as regras, que passam a ser obrigatórias no país a partir de 2013: Antonio Houaiss, da Academia Brasileira de Letras (ABL), e Malaca Casteleiro, da Academia da Ciência de Lisboa.

“Só duas pessoas discutiram o acordo, não foram duas academias”, diz Pimental, ironizando que 39 dos 40 membros de cada uma das academias “não têm o que falar”. Ele pergunta se a Academia Brasileira de Letras tem só um membro que entende de língua portuguesa, referindo-se a Evanildo Bechara. "A Academia da Ciência de Lisboa só tem um membro, o Malaca Casteleiro? Esses dois indivíduos se trancaram para fazer o acordo", critica.

Depois de identificar as "incoerências nas regras do acordo", o professor criou o movimento Acordar Melhor para mobilizar a sociedade em torno de um acordo mais simplificado e atualizado para a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

“Na realidade, precisamos simplificar esse acordo. Primeiro, ele está fora de época, foi pensado em 1975 e assinado em 1990. Foi pensado dentro de uma visão de educação , de pedagogia totalmente diferente da que temos hoje. Naquela época, se ensinava com base na memorização, chamada popularmente de 'decoreba'. Hoje o aluno precisa raciocinar”, pondera Pimentel.

O professor destaca vários exemplos de incoerências nas regras, como o ensino do hífen. “São regras inúteis, que as pessoas decoram mas não têm utilidade própria. Isso valia lá para trás, para hoje é impossível”, assegura.


O movimento Acordar Melhor tem a adesão de 20 mil professores, estudantes de letras e representantes da sociedade e defende o adiamento da obrigatoriedade da vigência do acordo para 2016. “Ou se faz isso [enfrentar os problemas do acordo] ou a gente vai voltar para o século passado. A educação do século 20 vai ser a educação do século 21”, disse.

Para o professor Pimentel, entre as motivações de unificação do idioma está a colocação da língua portuguesa como referência em grandes eventos internacionais, como já acontece com o inglês, o francês, o italiano e o alemão. “Em português não tem porque Portugal ter uma grafia e o Brasil ter outra. Ficaria caro fazer duas traduções em uma língua só. Então é importante padronizar a grafia”.

Apesar das duras críticas, o professor também destaca o que considera “avanços” no acordo. “Na parte de acentuação teve muita coisa boa, temos que aproveitar. Foi acertada a eliminação do acento no oo e no ee. Não há necessidade do acento circunflexo em voo, leem porque se tirar esse acento não tem jeito de ler diferente. Essa retirada é absolutamente lógica. Nas regras de acentuação houve avanços”.

De acordo com o professor, os nove acordos ortográficos feitos desde o século passado, foram todos improvisados. "Mas naquela época era muito fácil impor as coisas. Hoje tem a internet e é por causa dela que um movimento, como o Acordar Melhor, pode ser ouvido”. Ernani Pimentel tem alunos em mais de 5100 municípios e em sua carreira já deu aula para mais de 500 mil estudantes.

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Brasília – O professor Ernani Pimentel criticou a forma como o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa foi discutido, já que segundo ele apenas dois gramáticos formularam as regras, que passam a ser obrigatórias no país a partir de 2013: Antonio Houaiss, da Academia Brasileira de Letras (ABL), e Malaca Casteleiro, da Academia da Ciência de Lisboa.

“Só duas pessoas discutiram o acordo, não foram duas academias”, diz Pimental, ironizando que 39 dos 40 membros de cada uma das academias “não têm o que falar”. Ele pergunta se a Academia Brasileira de Letras tem só um membro que entende de língua portuguesa, referindo-se a Evanildo Bechara. "A Academia da Ciência de Lisboa só tem um membro, o Malaca Casteleiro? Esses dois indivíduos se trancaram para fazer o acordo", critica.

Depois de identificar as "incoerências nas regras do acordo", o professor criou o movimento Acordar Melhor para mobilizar a sociedade em torno de um acordo mais simplificado e atualizado para a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

“Na realidade, precisamos simplificar esse acordo. Primeiro, ele está fora de época, foi pensado em 1975 e assinado em 1990. Foi pensado dentro de uma visão de educação , de pedagogia totalmente diferente da que temos hoje. Naquela época, se ensinava com base na memorização, chamada popularmente de 'decoreba'. Hoje o aluno precisa raciocinar”, pondera Pimentel.

O professor destaca vários exemplos de incoerências nas regras, como o ensino do hífen. “São regras inúteis, que as pessoas decoram mas não têm utilidade própria. Isso valia lá para trás, para hoje é impossível”, assegura.


O movimento Acordar Melhor tem a adesão de 20 mil professores, estudantes de letras e representantes da sociedade e defende o adiamento da obrigatoriedade da vigência do acordo para 2016. “Ou se faz isso [enfrentar os problemas do acordo] ou a gente vai voltar para o século passado. A educação do século 20 vai ser a educação do século 21”, disse.

Para o professor Pimentel, entre as motivações de unificação do idioma está a colocação da língua portuguesa como referência em grandes eventos internacionais, como já acontece com o inglês, o francês, o italiano e o alemão. “Em português não tem porque Portugal ter uma grafia e o Brasil ter outra. Ficaria caro fazer duas traduções em uma língua só. Então é importante padronizar a grafia”.

Apesar das duras críticas, o professor também destaca o que considera “avanços” no acordo. “Na parte de acentuação teve muita coisa boa, temos que aproveitar. Foi acertada a eliminação do acento no oo e no ee. Não há necessidade do acento circunflexo em voo, leem porque se tirar esse acento não tem jeito de ler diferente. Essa retirada é absolutamente lógica. Nas regras de acentuação houve avanços”.

De acordo com o professor, os nove acordos ortográficos feitos desde o século passado, foram todos improvisados. "Mas naquela época era muito fácil impor as coisas. Hoje tem a internet e é por causa dela que um movimento, como o Acordar Melhor, pode ser ouvido”. Ernani Pimentel tem alunos em mais de 5100 municípios e em sua carreira já deu aula para mais de 500 mil estudantes.

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