Olimpíada de Tóquio: Japão libera 10 mil torcedores por evento
Sorteio determinará os torcedores que podem comparecer aos Jogos Olímpicos de Tóquio entre aqueles que já tinham ingressos
AFP
Publicado em 21 de junho de 2021 às 08h11.
Última atualização em 21 de junho de 2021 às 08h13.
Os Jogos Olímpicos de Tóquio terão o limite máximo de 10.000 espectadores em cada sede - anunciou nesta segunda-feira (21) a organização do evento, que começará em 23 de julho, mas com um alerta para a possibilidade de competições com portões fechados, em caso de aumento dos contágios de covid-19.
No comunicado, a organização explica que o limite será de 50% do local de competição, até o máximo de 10.000 espectadores.
"Se houver uma mudança dramática na situação da infecção, talvez precisemos revisar a norma e considerar a opção de não ter espectadores nos locais de competição", disse a governadora de Tóquio, Yuriko Koike.
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Em um comunicado, a organização afirmou ainda que a decisão sobre o número de torcedores nos Jogos Paralímpicos (24 agosto-5 setembro) foi adiada para 16 de julho.
Em março, o comitê organizador vetou a presença de espectadores procedentes do exterior, devido ao risco de saúde considerado muito elevado - algo inédito na história olímpica.
Nesta segunda-feira, as autoridades japonesas deveriam decidir sobre a celebração dos Jogos Olímpicos: se a portas fechadas, ou com a presença de torcedores locais. A segunda opção foi a vitoriosa, mas com um número restrito de espectadores.
Um sorteio determinará os torcedores que podem comparecer aos Jogos entre aqueles que já tinham ingressos. Os contemplados terão que usar máscara o tempo todo e serão proibidos de "falar alto ou gritar", explicou a organização.
A reunião teve a presença de representantes de cinco instituições: o comitê organizador de Tóquio-2020, o governo japonês, o governo da cidade de Tóquio, o Comitê Olímpico Internacional (COI) e o Comité Paralímpico Internacional (CPI).
A suspensão do estado de emergência no domingo (20) em Tóquio e em outros departamentos foi um sinal positivo para os organizadores. Eles aguardavam a decisão do governo japonês para determinar se liberariam a presença de torcedores locais e, em caso positivo, quantos.
O governo japonês decidiu, no entanto, manter algumas restrições pelo menos até 11 de julho. O primeiro-ministro do país, Yoshihide Suga, advertiu que poderá reforçar as medidas, se os casos de covid-19 aumentarem, e o sistema de saúde ficar sob pressão.
Os especialistas de saúde que assessoram o governo afirmaram que o "ideal" seria organizar os Jogos sem torcedores. Algumas associações médicas pediram o cancelamento do evento.
Os atletas foram os primeiros a relutar diante da possibilidade de Jogos Olímpicos a portas fechadas, e alguns patrocinadores admitiram, de maneira privada, que preferiam a presença do público, apesar de limitada.
Em uma mensagem às autoridades japonesas no início da reunião, o presidente do COI, Thomas Bach, afirmou que a entidade apoiaria "totalmente a decisão que busca proteger da melhor maneira" a população japonesa e os participantes.
Também reiterou que mais de 80% dos residentes da Vila Olímpica serão vacinados, assim como quase 80% dos jornalistas.
Mais apoio nas pesquisas
Na sexta-feira (18), em uma entrevista coletiva, a presidente do comitê organizador de Tóquio-2020, Seiko Hashimoto, admitiu que era difícil tomar uma decisão.
"Organizar os Jogos sem espectadores é a melhor maneira de garantir os Jogos com total segurança. Mas, enquanto tivermos espectadores que desejam assistir aos Jogos, tentaremos satisfazê-los na medida do possível e limitar os riscos", afirmou.
Os organizadores tentam superar a resistência da opinião pública japonesa, que, em sua maioria, mostrou-se contrária aos Jogos Olímpicos nos últimos meses.
Uma pesquisa publicada nesta segunda-feira pelo jornal Asahi mostrou alguma mudança nessa tendência: 34% dos japoneses são favoráveis aos Jogos, contra apenas 14% do mês passado.
Outra pesquisa, divulgada no domingo pela agência Kyodo, indicou que 86% dos entrevistados continuam preocupados com o aumento de casos de covid-19 durante os Jogos, e 40% desejam o evento sem espectadores.
O Japão, que fechou suas fronteiras em março de 2020, teve uma pandemia consideravelmente menos grave que outros países, com 14.400 mortes registradas oficialmente.
O país demorou muito, porém, a iniciar a campanha de vacinação. Até o momento, menos de 7% dos japoneses receberam as duas doses da vacina.
Os organizadores dos Jogos Olímpicos reduziram a um terço o número original de representantes estrangeiros convidados e anunciaram medidas draconianas aos participantes, com ameaças de expulsão, caso violem as normas de saúde.