O que acontece com as obras de arte depois de roubadas?
A desaparição dos trabalhos e o pânico subsequente mostram que a polícia é de pouca ajuda quando obras de arte são roubadas
Da Redação
Publicado em 15 de junho de 2015 às 21h22.
No mês passado, os administradores da Biblioteca Pública de Boston descobriram que uma gravura de Dürer avaliada em US$ 600.000 e uma água forte de Rembrandt de US$ 30.000 haviam desaparecido.
O incidente desencadeou uma chuva de reportagens, o diretor do museu pediu demissão, e então... algumas semanas depois do sumiço os trabalhos foram encontrados, arquivados equivocadamente, a 25 metros de distância de onde deveriam estar.
A desaparição dos trabalhos e o pânico subsequente mostram que a polícia é de pouca ajuda quando obras de arte -- commodities fáceis de transportar e praticamente impossíveis de encontrar -- são roubadas. Mas nem todo trabalho de arte é criado da mesma forma e nem os roubos.
A qualidade da obra, aparentemente, afeta profundamente a forma como o objeto é procurado, o que faz muito sentido: quanto maior a obra de arte, maior o alvoroço em torno de sua desaparição.
Apenas uma coisa se mantém coerente: uma vez que um objeto de arte é roubado, há uma chance abissalmente pequena de ele ser recuperado.
Grandes roubos
A maioria das pessoas conhece os grandes roubos.
Entre eles estão o roubo no Isabella Stewart Gardner Museum, no qual 13 obras foram levadas, que permaneceu sem solução durante 25 anos; o roubo de pinturas de Picasso, Braque, Modigliani, Matisse e Léger do Museu de Arte Moderna de Paris, em 2010, no qual um dos suspeitos -- conforme reportagem do Le Journal du Dimanche -- aparentemente entrou em pânico, destruiu a obra e jogou os restos no lixo (embora, segundo a reportagem, os advogados do suspeito tenham se recusado a confirmar essa teoria), e o roubo no Rotterdam Kunsthal, em 2012, no qual foram levados trabalhos ainda mais modernos de Gaugin, Matisse, Monet, Freud e Picasso.
Neste último caso, disseram que os objetos de arte foram guardados na Romênia com a mãe de um dos suspeitos, que afirma ter incinerado as pinturas usando o fogão de sua cozinha.
O que esses roubos têm em comum? A começar pelo preço -- hoje, as pinturas do Gardiner Museum estariam avaliadas em um total estimado de US$ 300 milhões; as pinturas do Museu de Arte Moderna de Paris foram avaliadas em cerca de 500 milhões de euros (US$ 561 milhões), segundo o Guardian; e os trabalhos do museu de Roterdã foram (conservadoramente) estimados em mais de 50 milhões de euros. Não por coincidência, cada um desses roubos gerou muita publicidade. (A busca “Musée d'Art Moderne art theft” no Google, gera cerca de 2,5 milhões de resultados no Google). Esse tipo de apuração, segundo Bonnie Magness-Gardiner, a gerente do programa de roubos de objetos de arte do FBI, torna “muito difícil a venda dos trabalhos roubados”. Além disso, quanto mais famoso o objeto de arte, menor a probabilidade de o ladrão vendê-lo.
“Eu tendo a separar os roubos de arte em três categorias”, diz Jordan Arnold, diretor-gerente da K2 Intelligence, uma empresa de assessoria de risco de objetos de arte com sede em Nova York. “Tem o ‘sucesso do submundo’, a ‘venda por incêndio’ e a ‘aposta de longo prazo’”.
O sucesso do submundo, diz Arnold, é o mais próximo de um roubo direcionado de objetos de arte, no qual um grupo de pessoas mira um objeto de arte específico para colocá-lo em algum tipo de coleção alternativa.
Não surpreende que este seja o tipo menos frequente de roubo -- mais provável de acontecer geralmente em filmes de James Bond do que na vida real.
O mais comum é a venda por incêndio. Trata-se de “um criminoso oportunista, que tenta passar a obra a um receptor ou a um negociante inescrupuloso”, diz Arnold. Isso muitas vezes acontece quando alguém rouba uma casa, vê um objeto de arte, o leva e tenta se livrar dele rapidamente.
E, finalmente, a aposta de longo prazo é quando “um ladrão mantém o objeto de arte na esperança de que seu roubo não seja reportado ou que a busca por ele esfrie”, diz Arnold.
“E então o ladrão tentará vendê-lo alguns anos depois a uma galeria respeitável e afirmará que o objeto foi herdado”.
No mês passado, os administradores da Biblioteca Pública de Boston descobriram que uma gravura de Dürer avaliada em US$ 600.000 e uma água forte de Rembrandt de US$ 30.000 haviam desaparecido.
O incidente desencadeou uma chuva de reportagens, o diretor do museu pediu demissão, e então... algumas semanas depois do sumiço os trabalhos foram encontrados, arquivados equivocadamente, a 25 metros de distância de onde deveriam estar.
A desaparição dos trabalhos e o pânico subsequente mostram que a polícia é de pouca ajuda quando obras de arte -- commodities fáceis de transportar e praticamente impossíveis de encontrar -- são roubadas. Mas nem todo trabalho de arte é criado da mesma forma e nem os roubos.
A qualidade da obra, aparentemente, afeta profundamente a forma como o objeto é procurado, o que faz muito sentido: quanto maior a obra de arte, maior o alvoroço em torno de sua desaparição.
Apenas uma coisa se mantém coerente: uma vez que um objeto de arte é roubado, há uma chance abissalmente pequena de ele ser recuperado.
Grandes roubos
A maioria das pessoas conhece os grandes roubos.
Entre eles estão o roubo no Isabella Stewart Gardner Museum, no qual 13 obras foram levadas, que permaneceu sem solução durante 25 anos; o roubo de pinturas de Picasso, Braque, Modigliani, Matisse e Léger do Museu de Arte Moderna de Paris, em 2010, no qual um dos suspeitos -- conforme reportagem do Le Journal du Dimanche -- aparentemente entrou em pânico, destruiu a obra e jogou os restos no lixo (embora, segundo a reportagem, os advogados do suspeito tenham se recusado a confirmar essa teoria), e o roubo no Rotterdam Kunsthal, em 2012, no qual foram levados trabalhos ainda mais modernos de Gaugin, Matisse, Monet, Freud e Picasso.
Neste último caso, disseram que os objetos de arte foram guardados na Romênia com a mãe de um dos suspeitos, que afirma ter incinerado as pinturas usando o fogão de sua cozinha.
O que esses roubos têm em comum? A começar pelo preço -- hoje, as pinturas do Gardiner Museum estariam avaliadas em um total estimado de US$ 300 milhões; as pinturas do Museu de Arte Moderna de Paris foram avaliadas em cerca de 500 milhões de euros (US$ 561 milhões), segundo o Guardian; e os trabalhos do museu de Roterdã foram (conservadoramente) estimados em mais de 50 milhões de euros. Não por coincidência, cada um desses roubos gerou muita publicidade. (A busca “Musée d'Art Moderne art theft” no Google, gera cerca de 2,5 milhões de resultados no Google). Esse tipo de apuração, segundo Bonnie Magness-Gardiner, a gerente do programa de roubos de objetos de arte do FBI, torna “muito difícil a venda dos trabalhos roubados”. Além disso, quanto mais famoso o objeto de arte, menor a probabilidade de o ladrão vendê-lo.
“Eu tendo a separar os roubos de arte em três categorias”, diz Jordan Arnold, diretor-gerente da K2 Intelligence, uma empresa de assessoria de risco de objetos de arte com sede em Nova York. “Tem o ‘sucesso do submundo’, a ‘venda por incêndio’ e a ‘aposta de longo prazo’”.
O sucesso do submundo, diz Arnold, é o mais próximo de um roubo direcionado de objetos de arte, no qual um grupo de pessoas mira um objeto de arte específico para colocá-lo em algum tipo de coleção alternativa.
Não surpreende que este seja o tipo menos frequente de roubo -- mais provável de acontecer geralmente em filmes de James Bond do que na vida real.
O mais comum é a venda por incêndio. Trata-se de “um criminoso oportunista, que tenta passar a obra a um receptor ou a um negociante inescrupuloso”, diz Arnold. Isso muitas vezes acontece quando alguém rouba uma casa, vê um objeto de arte, o leva e tenta se livrar dele rapidamente.
E, finalmente, a aposta de longo prazo é quando “um ladrão mantém o objeto de arte na esperança de que seu roubo não seja reportado ou que a busca por ele esfrie”, diz Arnold.
“E então o ladrão tentará vendê-lo alguns anos depois a uma galeria respeitável e afirmará que o objeto foi herdado”.