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Nova obra dos Wachowski, “O Destino de Júpiter” empolga com ótimas cenas de ação

Irmãos diretores de Matrix provam que sabem executar sequências de ação como poucos; filme, porém, peca na história e nos vilões sem muita inspiração

jupiter (Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 4 de fevereiro de 2015 às 18h10.

Entre o final da década de 90 e o começo dos anos 2000, a trilogia Matrix mostrou que os irmãos Andy e Lana Wachowski são mestres na execução de cenas de ação. Por mais que Reloaded e Revolutions não tenham agradado tanto quanto o primeiro filme, as lutas entre Neo, Trinity e os agentes Smith nos três longas-metragens não deixam de ser momentos memoráveis, daqueles que ainda fazem o espectador grudar na cadeira e apertar os braços da poltrona tamanha a tensão. E ainda que O Destino de Júpiter esteja longe do primeiro capítulo de Matrix em termos de qualidade geral, a nova empreitada da dupla de diretores tem seu valor justamente nas sequências de mais adrenalina.

O longa-metragem – novamente uma ficção científica – tem em seu centro a humana Jupiter Jones, papel não muito inspirado de Mila Kunis. Filha de um casal russo, a jovem se mudou com a família quase inteira para os EUA após a morte de seu pai, um astrônomo dos mais apaixonados. Sua vida, porém, não é das mais glamorosas, como o começo inteiro do longa mostra. A rotina diária se resume a trabalhar como diarista com sua mãe e sua tia e depois voltar para casa para jantar e discutir com seus tios e primos.

Mas as coisas começam a mudar graças a uma série de eventos que acontecem em outra ponta do universo, com a poderosa família Abrasax – praticamente latifundiários do espaço e donos de uma porção gigantesca de planetas e estrelas, o que inclui a Terra. Não dá, no entanto, para dar muitos detalhes sem partir para os spoilers. Em resumo, os irmãos Balem (Eddie Redmayne, aqui um vilão sem muita profundidade), Titus (Douglas Booth) e Kalique (Tupence Middleton) entram em conflito para decidir quem herdará nosso planeta, deixado aos três pela falecida mãe. O local é uma fonte enorme de um material usado pelos extraterrestres – que, no entanto, precisam destruir tudo para extraí-lo.

Onde entra a protagonista nesta história? Jupiter é, na verdade, parte da família e “dona” da Terra – o que faz com que os três irmãos comecem a caçá-la, mesmo sem que ela entenda os motivos. Para escapar com vida e exigir o que é seu por direito, a personagem conta apenas com a ajuda da polícia especial e de Caine (uma mistura de homem e lobo, papel de Channing Tatum, melhor do filme), o responsável pelas cenas com mais adrenalina do filme todo.

A história tem seus pontos altos, mas demora a embalar e realmente não é das mais inspiradas – sobram alguns buracos, falta emoção em alguns dos diálogos e não dá para não notar uma sensação de “já vi isso em algum lugar”. Mas tudo que não há de inspiração nela aparece nas partes mais carregadas de adrenalina, mostradas quase sempre com intervalos breves.

O combate entre Caine e três outros caçadores de recompensa, por exemplo, é logo seguido por uma batalha de naves entre o mesmo “guarda-costas” de Jupiter e alguns ETs. E nenhuma das duas cenas fica devendo na quantidade de adrenalina – pelo contrário, até: por vezes, ela por vezes parece estar presente em excesso, tornando algumas poucas partes até cansativas.

Fora as sequências de ação, o filme dos Wachowski também acerta nos efeitos especiais e nos figurinos, bem caprichados. Os cenários também têm seu charme – a representação do interior de Júpiter, o planeta, é bem interessante –, e mesmo o universo no qual o enredo é baseado, apesar de não chegar ao grau do clássico de 1999, é bem elaborado e teria potencial para ser explorado em uma sequência – que não deve sair, visto que o desfecho não dá muita margem.

Em suma, O Destino de Júpiter ganha seus pontos por ser uma fita de ação bem trabalhada, tanto na execução das cenas principais quanto nos visuais – o que talvez justifique o atraso para chegar aos cinemas. Suas falhas (a história e alguns pontos pouco elaborados, em especial relacionados ao trio de vilões) atrapalham, é claro, mas não chegam a comprometer a diversão. Só que mesmo isso não é o suficiente para considerar o filme um clássico – e muito menos basta para colocá-lo no patamar de uma obra cultuada como ainda é Matrix, que deverá assombrar os Wachowski por um tempo.

O Destino de Júpiter estreia no Brasil nesta quinta-feira, 5 de fevereiro.

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