Na velhice, a deterioração aparece na memória episódica, mas não na semântica e na processual. (EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 1 de junho de 2015 às 13h57.
A capacidade de lembrar fatos concretos se deteriora com a idade, mas não os demais tipos de lembrança e sua perda em idosos é menor do que se acreditava, segundo um estudo.
A pesquisa, realizada por Wilma Koutstaal, da Universidade de Minnesota, e Alaitz Aizpurua, da Universidade do País Basco, conclui que os mais velhos lembram menos detalhes específicos do que os mais jovens, e, em geral, ambos os grupos conservam melhor as informações concretas dos fatos vividos do que as abstratas.
A principal diferença é na capacidade de lembrar os fatos mais remotos: os jovens os lembram melhor, segundo este estudo.
"Não é de todo certo a crença de que ao chegar à velhice a memória piora", diz Alaitz, professora da UPV.
Ela cita pesquisas neuropsicológicas e outros estudos que demonstram que a perda cognitiva começa aos 20 anos, mas dificilmente é notada porque as pessoas contam com capacidade suficiente para fazer frente às necessidades da vida cotidiana.
"A perda é mais perceptível entre os 45 e os 49 anos, e geral mais forte a partir dos 75, aproximadamente", destaca.
A deterioração não costuma ser uniforme nem geral, porque alguns tipos de memória sofrem mais do que outros.
Na velhice, por exemplo, a deterioração aparece na memória episódica, a que conserva as lembranças detalhadas, mas não na semântica e na processual. Essas são mantidas e, em alguns casos, inclusive melhoram.
"A memória processual é a das habilidades, a que necessitamos para fazer as atividades, como dirigir, que, no geral, se mantém também durante a velhice", acrescenta.
A memória semântica, por sua vez, está relacionada a linguagem, ao significado dos conceitos e aos fatos repetitivos. Na experiência realizada para a pesquisa, foi pedido aos participantes que lembrassem três fatos da vida pessoal: algo ocorrido no último ano, algo ocorrido no último mês e algo ocorrido na última semana, exceto no dia anterior.
"Quando perguntávamos tanto aos mais velhos quanto aos jovens sobre fatos acontecidos em um momento determinado, para os mais velhos era muito maior o intervalo de tempo transcorrido desde o fato", explica.
Se um jovem era perguntado por um determinado acontecimento de sua infância, tinha que voltar de 10 a 15 anos, mas um adulto mais velho, por outro lado, 40 anos ou mais, ressalta Alaitz.
Ao mudar o método de análise, as duas pesquisadoras não detectaram diferenças significativas nas lembranças do último mês e da última semana, e os adultos mais velhos foram tão capazes quanto os adultos jovens de fornecer detalhes episódicos relacionados aos fatos.