Leonard Cohen, o poeta que resolveu fazer mais música
"Old Ideas" é o primeiro disco de inéditas do cantor e poeta canadense em oito anos
Da Redação
Publicado em 2 de março de 2012 às 10h24.
São Paulo - Em 2005, alguns anos após se instalar em um monastério budista na Califórnia, o cantor Leonard Cohen descobriu que não tinha mais dinheiro. Sua antiga empresária talvez por achar que o então monge Jikan (nome adotado por Cohen) não queria mais contato com suas economias fez questão de lhe tomar tudo. Como sabemos, cada um ganha a vida com o que faz melhor. O poeta canadense não viu outra alternativa: foi buscar seu violão e botou o pé na estrada. Oitenta e quatro shows e alguns milhões reconquistados, era hora de repensar a carreira.
Old Ideas é o primeiro álbum de estúdio em oito anos. As 10 faixas inéditas passeiam por batidas folk, pelo blues e flertam, por vezes, com o jazz. Em todas elas a voz cada vez mais grave e maltratada pelo tempo carrega as faixas, com os instrumentos servindo de guia. Os bem trabalhados backing vocals femininos servem com um bom contraponto e dão o ar da graça mais claramente nas canções “Banjo”, “Come Healing” e “Show Me The Place”.
Mero adereço para muitos, aqui as letras quase sufocam a base sonora. É como se Cohen suplicasse para que seus lamentos fossem ouvidos e ao mesmo tempo nos lembrasse de que sua poesia merece atenção. “I’d like to speak with Leonard/ He’s a sportsman and a shepherd/ He’s a lazy bastard living in a suit.” (Gostaria de falar com Leonard/ Ele é um esportista e um pastor/ Ele é um bastardo preguiçoso vivendo em um terno), se autodeprecia na canção “Going Home”, que abre o disco. Homem de muitas facetas, o cantor escolheu alternar a ironia com a desilusão. “I got no future / I know my days are few” (“Não tenho futuro/Eu sei que meus dias são poucos”), indica em “Darkness”.
Quem conhece os clássicos “Songs of Leonard Cohen” (1967) e “Songs of Love and Hate” (1971), dois dos maiores sucessos comerciais (e de crítica) do cantor, sabe de cór seu receituário e seus truques. Aqui eles continuam ilesos. Mas de certa forma, não é errado traçar um paralelo entre “Old Ideas” e obras como “Time Out of Mind” e “Together Through Life”, de Bob Dylan, ou com a série “American”, de Johnny Cash. Mas com seu terno sempre alinhado, Cohen, aos 77 anos, vai adiante. E é desnecessário dizer que ele prova não precisar de novas ideias. As antigas já nos bastam.
São Paulo - Em 2005, alguns anos após se instalar em um monastério budista na Califórnia, o cantor Leonard Cohen descobriu que não tinha mais dinheiro. Sua antiga empresária talvez por achar que o então monge Jikan (nome adotado por Cohen) não queria mais contato com suas economias fez questão de lhe tomar tudo. Como sabemos, cada um ganha a vida com o que faz melhor. O poeta canadense não viu outra alternativa: foi buscar seu violão e botou o pé na estrada. Oitenta e quatro shows e alguns milhões reconquistados, era hora de repensar a carreira.
Old Ideas é o primeiro álbum de estúdio em oito anos. As 10 faixas inéditas passeiam por batidas folk, pelo blues e flertam, por vezes, com o jazz. Em todas elas a voz cada vez mais grave e maltratada pelo tempo carrega as faixas, com os instrumentos servindo de guia. Os bem trabalhados backing vocals femininos servem com um bom contraponto e dão o ar da graça mais claramente nas canções “Banjo”, “Come Healing” e “Show Me The Place”.
Mero adereço para muitos, aqui as letras quase sufocam a base sonora. É como se Cohen suplicasse para que seus lamentos fossem ouvidos e ao mesmo tempo nos lembrasse de que sua poesia merece atenção. “I’d like to speak with Leonard/ He’s a sportsman and a shepherd/ He’s a lazy bastard living in a suit.” (Gostaria de falar com Leonard/ Ele é um esportista e um pastor/ Ele é um bastardo preguiçoso vivendo em um terno), se autodeprecia na canção “Going Home”, que abre o disco. Homem de muitas facetas, o cantor escolheu alternar a ironia com a desilusão. “I got no future / I know my days are few” (“Não tenho futuro/Eu sei que meus dias são poucos”), indica em “Darkness”.
Quem conhece os clássicos “Songs of Leonard Cohen” (1967) e “Songs of Love and Hate” (1971), dois dos maiores sucessos comerciais (e de crítica) do cantor, sabe de cór seu receituário e seus truques. Aqui eles continuam ilesos. Mas de certa forma, não é errado traçar um paralelo entre “Old Ideas” e obras como “Time Out of Mind” e “Together Through Life”, de Bob Dylan, ou com a série “American”, de Johnny Cash. Mas com seu terno sempre alinhado, Cohen, aos 77 anos, vai adiante. E é desnecessário dizer que ele prova não precisar de novas ideias. As antigas já nos bastam.