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Filmes brasileiros 'Madalena' e 'Carro Rei' estão no Festival de Roterdã

O evento que começou ontem está sendo virtual e é dividido em duas fases: a primeira vai até o próximo domingo, a segunda acontecerá em junho

Cena do filme "Madalena" o longo foi rodado em Dourados, Mato Grosso do Sul. (divulgação/Divulgação)
MD

Matheus Doliveira

Publicado em 2 de fevereiro de 2021 às 06h13.

O Festival de Roterdã chega à sua 50.ª edição com exibição de dois filmes brasileiros e em ritmo de pandemia. Como outros eventos do tipo no mundo, está sendo totalmente virtual, acontecendo em duas fases: a primeira, de segunda-feira 1 a domingo, 7, e a segunda em junho. Mas seu propósito continua o mesmo: revelar ou dar palco mundial para cineastas jovens e talentosos, como já fez no passado com Hong Sang-soo, Kelly Reichardt, o brasileiro Cláudio Assis, os argentinos Pablo Trapero e Santiago Loza e até com Christopher Nolan.

"Em um ano como nenhum antes, os cineastas se superaram para terminar trabalhos em circunstâncias desafiadoras, e não faltaram grandes filmes procurando um lar no festival", disse a diretora Vanja Kaludjercic na coletiva de anúncio da seleção.

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Em seu primeiro ano à frente do IFFR (International Film Festival Rotterdam, ou Festival Internacional de Cinema de Roterdã), Kaludjercic aumentou o número de títulos na competição principal, Tiger, destinada a cineastas fazendo seu primeiro, segundo ou terceiro longa. Dos 16 filmes na competição, 7 são dirigidos por mulheres, seguindo uma tendência mundial.

O longa de estreia do mato-grossense Madiano Marcheti, Madalena, é um dos concorrentes. Filmado em Dourados (MS), o filme segue três personagens que não se conhecem - a hostess de boate Luziane (Natália Mazarim), o filho de fazendeiro Cristiano (Rafael de Bona) e a enfermeira Bianca (Pamella Yule) - para retratar o lugar, dominado pelo agronegócio, e abordar a violência contra pessoas trans. O ponto em comum entre os três são seus diferentes tipos de relação com Madalena (Chloe Milan), mais uma vítima no país que mais mata pessoas trans no mundo. Somente no ano passado, foram 175 assassinatos registrados, segundo relatório da Associação Nacional das Travestis e Transexuais divulgado na sexta, 29, Dia Nacional da Visibilidade Trans. Mas o filme não está interessado em mostrar a morte em si. As personagens trans, como Bianca, aparecem cheias de vida. Madalena apenas se faz sentir na cidade cercada de plantações de soja por todos os lados.

Uma boa parte dos outros filmes da competição principal também tem como personagens centrais mulheres que desafiam as normas, como Landscapes of Resistance, de Marta Popivoda, sobre Sonja, uma das primeiras partisans mulheres da Sérvia e que ajudou a liderar a resistência em Auschwitz. Ou Bebia, à Mon Seul Désir, de Juja Dobrachkous, sobre uma modelo que volta à sua pequena vila na Geórgia, onde ela precisa cumprir uma tradição. O chinês Bipolar, de Queena Li, é uma variação do mito de Orfeu centrada numa jovem mulher que faz peregrinação em Lhasa, capital do Tibete.

A competição Tiger tem representantes do Líbano, Geórgia, China, Tunísia, França, Espanha, Tailândia, Holanda, Austrália, Noruega Sérvia, República Dominicana, Kosovo, Estados Unidos e Índia. O júri é formado por Lemohang Jeremiah Mosese, diretor de Lesoto que fez Isso Não é Um Enterro, é Uma Ressurreição, exibido na última Mostra Internacional de Cinema de São Paulo; o cineasta sírio Orwa Nyrabia; a artista e cineasta egípcia Hala Elkoussy; a roteirista e jornalista holandesa Helena van der Meulen e a produtora holandesa Ilse Hughan.

Já Carro Rei, de Renata Pinheiro, participa da Big Screen Competition, com 13 outras produções que concorrem a uma vaga de exibição nos cinemas de arte e na televisão da Holanda. O personagem principal do longa da diretora pernambucana é Uno (Luciano Pedro Jr.), que ganha seu nome ao nascer dentro do primeiro carro de seus pais. Desde menino, ele tem a capacidade de se comunicar com o veículo. Os dois são separados por uma tragédia, que também afasta Uno de seu tio, Zé Macaco (Matheus Nachtergaele). O rapaz acaba deixando a frota de táxis da família para se dedicar à agroecologia. Mas carro, como diz o próprio título, é rei para um país em desenvolvimento como o Brasil e símbolo de ascensão social. E, assim, exerce poder sobre a população.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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