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Filme sobre assassinatos de ciganos disputa Urso de Ouro

O longa "Apenas o vento", baseado em fatos verídicos, conta a história do assassinato em uma província da Hungria por um grupo de ultradireita

O diretor Bence Fliegauf com os atores Katalin Toldi, Gyongyi Lendva e Lajos Sarkany na Berlinale: "os ciganos na Hungria vivem em uma situação desesperadora" (John Macdougall/AFP)

O diretor Bence Fliegauf com os atores Katalin Toldi, Gyongyi Lendva e Lajos Sarkany na Berlinale: "os ciganos na Hungria vivem em uma situação desesperadora" (John Macdougall/AFP)

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Da Redação

Publicado em 1 de novembro de 2013 às 12h50.

Berlim - O diretor húngaro Bence Fliegauf apresentou nesta quinta-feira na Berlinale seu filme "Apenas o vento", baseado em fatos verídicos, que conta a história do assassinato de uma família de ciganos, em uma província da Hungria, por um grupo de ultradireita.

Filmado com uma câmera no ombro e quase sempre em primeiro plano, "Apenas o vento" introduz o espectador na intimidade de uma família de ciganos que vive com o medo de ser agredida após a série de assassinatos que ocorreram entre 2008 e 2009 em várias regiões da Hungria.

"Nos últimos dois anos ocorreu uma série de atentados contra os ciganos que deixaram ao menos seis mortos e muitos feridos. Eu não queria me basear no trabalho da polícia, nos arquivos, mas fazer uma ficção", declarou Bence Fliegauf, ganhador em 2007 no Festival de Locarno do Leopardo de Ouro de melhor diretor contemporâneo por seu filme "Milky way".

Seu filme começa com o enterro de uma família cigana que foi assassinada. Os vizinhos sentem que agora eles estão em perigo. Sua ilusão é emigrar ao Canadá, mas, no entanto, convivem com o medo.

A mãe da família, Mari, interpretada pela cigana Katalin Toldi, ganha a vida fazendo limpeza em vários locais. Sua filha Anna (Gyongy Lendvai) vai ao colégio, enquanto seu irmão Rio (Lajos Sarkany) passa o dia vagabundeando e recolhendo objetos para reciclá-los.

Katalin Toldi, que esclareceu que jamais havia atuado antes em um filme, disse que ela mesma foi vítima de racismo e discriminação quando buscava trabalho, pelo fato de ser cigana.

"Algumas pessoas te dizem diretamente: não te contratamos porque você é cigana. Quando ouvimos as notícias na rádio e na televisão, que estavam matando as pessoas apenas por serem ciganas, nós também sentimos medo. E o assunto não terminou aí", contou.


"Os prejuízos e os estereótipos são o motor do racismo. Em meu filme, como na realidade, os ciganos vivem marginalizados. Nos locais onde têm suas casas, não há serviços de coleta de lixo, por isso vivem rodeados de tantos objetos do passado recente que apodrece", explicou o diretor.

"Desde a entrada da Hungria na União Europeia foram feitos esforços para integrá-los, há iniciativas civis e programas do governo para melhorar sua situação. Na produção de nosso filme colaboraram os ministérios da Justiça e o da Integração Social", acrescentou.

"Os ciganos na Hungria vivem em uma situação desesperadora desde a queda do antigo regime. Antes conseguiam trabalho na construção e tinham tendência à sedentarização. Após as mudanças e a vontade do governo de entrar em uma economia de mercado livre, os que mais sofreram foram eles. Foi o grupo mais atingido pela erosão moral que seguiu a erosão política", disse Fliegauf.

"Desde criança e adolescente tive contatos com os ciganos. E quando decidi fazer este filme viajei à província para buscar os atores, sobretudo as crianças. Quis filmar minha história com uma espécie de minimalismo visual, em primeiros planos porque não queria de jeito nenhum cair no folclore", concluiu.

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